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sábado, 21 de junho de 2008

Inspiração nos quadrinhos


No universo das histórias de Monteiro Lobato, é recorrente a participação de criaturas fantásticas, como o besouro-falante, espião de Emília, o Saci-Pererê, o Caipora e até o Urucaca, um bicho que parece urubu e vive sofrendo na mão da temível Cuca.
Nos próximos episódios, novos seres habitarão o Sítio do Picapau Amarelo: os Transgênios ou Transgirinos, como são chamados pela esperta boneca de pano. Os seres são inspirados em Shmoo, um animalzinho branco parecido com uma foca, criado pelo desenhista americano Al Capp, autor da história em quadrinhos A Família Buscapé. No original, o bicho produzia uma enorme variedade de alimentos. “Nós fizemos uma releitura do Shmoo, a partir de idéias de toda a equipe”, conta Chico Mauro, responsável pelos efeitos em 3D do programa.


Os Trangênios são o resultado dos estudos genéticos do Visconde de Sabugosa na Escócia, onde conheceu Macbeth, um escocês especialista em reprodução, vivido por Helio Ribeiro. O Visconde tentou criar seres que ajudassem na produção de alimentos, mas o tiro saiu pela culatra e as pessoas deixaram de trabalhar por causa deles. Assim, a dupla tem a missão de pegar os girinos, sob pena de serem presos. E Visconde os leva ao planeta Gliese 581, a 20 anos-luz da Terra. “O Visconde só causa confusões interplanetárias”, valoriza Kiko Mascarenhas, intérprete do atrapalhado sábio. “Na verdade, a solução é da Emília, que deu a idéia de criar o planeta”, defende sua intérprete, Tatyane Goulart.


Para ajudar os atores, um molde de Transgênio foi feito em tamanho natural. Durante os ensaios, o bonequinho é colocado no chão. A partir daí, Creso Eduardo, um dos cinco diretores que formam a equipe de Carlos Magalhães, faz as marcações de cena, seguido de perto pelo diretor geral. Na hora do “Gravando!”, o molde é retirado do estúdio e Pedrinho, Narizinho e sua turma têm de atuar como se estivessem vendo não um, mas uma horda de Transgênios. “A gente finge que conversa com muitos bonequinhos ao mesmo tempo, tem de usar a imaginação”, conta Raquel de Queiroz, a Narizinho. “É meio estranho contracenar com um monte de bichinhos que a gente não vê”, completa Vitor Mayer, que faz o Pedrinho.




A atmosfera de encantamento presente no Sítio do Picapau Amarelo ultrapassa o conteúdo das histórias apresentadas diariamente pela televisão. Nos bastidores, o deslumbre entre toda a equipe é constante, mesmo quando os atores, entre eles, os pequenos Vitor e Raquel, têm de ficar nos sets por várias horas seguidas. “O clima é onírico”, resume Carlos Magalhães.
Na hora de gravar, a concentração é total, mas nos intervalos o hiperativo Vitor faz malabares com bolinhas de tênis pelos corredores. “Às vezes ele traz o violão. Outras, montamos uma mesa de pingue-pongue. Ainda vou aproveitar algum desses talentos em cena”, promete Carlos, atuando sem pressa como pegador oficial das bolinhas que caíam, apesar do atraso de algumas horas nas gravações.



A demora era por causa das cenas em que há necessidade de inserção posterior de efeitos visuais ou gráficos, como o caso dos Transgênios virtuais. As marcações têm de ser perfeitas, por isso são necessários vários takes até o ok do diretor. Nada que tire o bom humor de Tatyane Goulart, a Emília, que gravava com apenas quatro unhas das mãos pintadas. “No começo era mais complicado, mas agora já entrei no espírito da Emília, enlouqueci!”, exclama a responsável por dar vida à dadeira oficial de idéias do Sítio. “Há maior exigência para os atores neste tipo de cena, mas o elenco é bom e bastante dedicado”, derrete-se Creso.

Notícia:2007

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