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quinta-feira, 13 de março de 2008

Os animais e a peste


La Fontaine escreveu Os animais e a peste.Depois muitos outros narraram essa fábula, um deles foi o Monteiro Lobato.


Em certo ano terrível de peste entre os animais, o leão, mais apreensivo, consultou um mono de barbas brancas. - Esta peste é um castigo do céu - respondeu o mono - e o remédio é aplacarmos a cólera divina sacrificando aos deuses um de nós. - Qual? - perguntou o leão. - O mais carregado de crimes. O leão fechou os olhos, concentrou-se e, depois duma pausa, disse aos súditos reunidos em redor. - Amigos! É fora de dúvida que quem deve sacrificar-se sou eu. Cometi grandes crimes, matei centenas de veados, devorei inúmeras ovelhas e até vários pastores. Ofereço-me, pois, para o sacrifício necessário ao bem comum. A raposa adiantou-se e disse: - Acho conveniente ouvir a confissão das outras feras.


Porque, para mim, nada do que Vossa Majestade alegou constitui crime. Matar veados - desprezíveis criaturas; devorar ovelhas - mesquinhos bichos de nenhuma importância; trucidar pastores - raça vil merecedora de extermínio! Nada disso é crime. São coisas até que muito honram o nosso virtuosíssimo rei leão. Grandes aplausos abafaram as últimas palavras da bajuladora - e o leão foi posto de lado como impróprio para o sacrifício.


Apresenta-se em seguida o tigre e repete-se a cena. Acusa-se de mil crimes, mas a raposa prova que também o tigre era um anjo de inocência. E o mesmo aconteceu com todas as outras feras. Nisto chega a vez do burro. Adianta-se o pobre animal e diz: - A consciência só me acusa de haver comido uma folha de couve na horta do senhor vigário. Os animais entreolharam-se. Era muito sério aquilo. A raposa toma a palavra: - Eis, amigos, o grande criminoso!


Tão horrível o que ele nos conta, que é inútil prosseguirmos na investigação. A vítima a sacrificar-se aos deuses não pode ser outra porque não pode haver crime maior do que furtar a sacratíssima couve do senhor vigário. Toda a bicharada concordou e o triste burro foi unanimemente eleito para o sacrifício.


A História do Conselheiro não teve esse triste fim porque a turma do sítio tiraram o coitado do País das Fábulas antes que fosse devorado.Desde então ele mora no sítio.

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