Aos quatro anos de idade o sono de Isabelle Drummond era embalado por trechos do livro Emília no País da Gramática, de Monteiro Lobato, lidos pela mãe, Damir Drummond. Ela diz que a filha não lembra da história, mas ressalta que a menina nunca se esqueceu de Emília. Antes de a mãe terminar a frase, porém, Isabelle pára de correr no pátio do colégio onde estuda e a interrompe: “Nunca esqueci mesmo. Ela é espevitada e tagarela, tá bom?”, corrige a pequena atriz. Hoje, aos sete anos, Isabelle vive a Emília na nova versão do Sítio do Picapau Amarelo. Inquieta, ela surpreende por sua desenvoltura. Tem respostas na ponta da língua para tudo. Perguntada se não sente falta das brincadeiras por causa do trabalho, é objetiva na resposta: “Não vou deixar de ser arteira só porque trabalho desde cedo”, diz, enquanto se arrisca em cima dos galhos de uma mangueira.
E ficar quieta não é mesmo tarefa fácil para Isabelle. Em casa vive aprontando. Adora pegar os vestidos e sapatos de salto da mãe. Certa vez saiu pelos cômodos cantando músicas de Ana Carolina e de Wanessa Camargo até despencar da escada. “Apanhei demais”, conta a menina. Apesar da pouca idade, Isabelle tem currículo de gente grande. Aos seis anos implorou para que a mãe a levasse a uma agência de modelos infantis. Pouco tempo depois já fazia comerciais, atuava ao lado de Xuxa no filme Pop Star e participava na minissérie Os Maias. Ali, ela parecia estar vivendo o mundo da fantasia. Afinal, teve a oportunidade de conhecer bem de perto seus ídolos. “O Fábio Assunção é uma simpatia, até me carregava nos ombros. E a Marília Pêra me colocava no colo para eu dormir”, relembra.
O sucesso, no entanto, nunca alterou a rotina da menina que mora numa casa de três quartos no bairro de Itaipu, em Niterói, região metropolitana do Rio. Filha dos comerciantes Damir Drummond e Fernando Drummond, ela estuda a poucos metros de casa, na 1ª série da escola pública Jacira Pi. No colégio, Isabelle diz que é comportada, mas não gosta de todas as matérias. “Matemática é um horror. Odeio multiplicar”, diz a menina, que já lida com as agruras da fama. “Alguns colegas ficaram chatos depois que virei a Emília. Até me apelidaram de ‘Ervilha’”, conta, emburrada.
Desde o início das gravações, porém, as brincadeiras se resumem ao recreio da escola e aos intervalos entre as cenas. A rotina de Isabelle começa às 7h, quando toma uma vitamina de frutas e sai para o colégio. Daquele momento em diante é uma correria. Muitas vezes não consegue almoçar. É o tempo de chegar em casa e seguir, num carro da Globo, para Guaratiba, zona oeste do Rio, local onde é gravado o Sítio. A menina diz que já se acostumou a decorar os textos e a fazer as lições do colégio no trajeto de uma hora e meia. “Tenho facilidade para memorizar e gosto das cenas grandes porque apareço mais”, diz, sem falsa modéstia. Para acompanhar o elenco infanto-juvenil do Sítio, a Globo contratou a psicóloga Renata Lacombe. “A Isabelle não é precoce, mas tem uma percepção das situações bem acima de sua idade”, diz Renata. “Quando ela fica chateada com alguma coisa ou alguém, chega para mim com as mãos na cintura e fala: ‘Hoje não estou bem, estou com problemas’.”Isabelle conquistou o elenco e se tornou a mascote da trupe.
reqüentemente volta para casa cheia de presentes de Nicete Bruno, a Dona Benta. “Ela é uma avozona. Outro dia me deu um perfume cheirosinho”, diz. Isabelle recebeu elogios até de Márcio Trigo, diretor do programa. “Essa menina já nasceu pronta. É intuitiva demais”, constata Márcio. Intuitiva até na hora de guardar os cerca de R$ 2 mil que ganha por mês da Globo, com a qual tem contrato até o fim de 2002. “Guardo tudinho na poupança. Tenho que pensar no futuro, né?”, diz Isabelle, que, com a certeza de uma menina de sete anos, quer ser cantora, atriz e veterinária.
Nenhum comentário:
Postar um comentário