“— Que é, vovó, que a senhora está vendo lá em cima? Eu não estou enxergando nada — disse Pedrinho.
Dona Benta não pôde deixar de rir-se. Pôs nele os olhos, puxou-o para o seu colo e falou:
— Não está vendo nada, meu filho? Então olha para o céu estrelado e não vê nada?
— Só vejo estrelinhas — murmurou o menino.
— E acha pouco, meu filho? Você vê uma metade do universo e acha pouco? Pois saiba que os astrônomos passam a vida inteira estudando as maravilhas que há nesse céu em que você só vê estrelinhas. É que eles sabem e você não sabe. Eles sabem ler o que está escrito no céu — e você nem desconfia que haja um milhão de coisas escritas no céu…
— Desconfio sim, vovó, mas fico nisso. [...]
Narizinho interrompeu o tricô para perguntar:
— Fala-se muito em sábio aqui neste sítio, mas eu não sei, bem, bem, o que é. Conte, vovó — e retomou o tricô.
Dona Benta, quando tinha de dar uma explicação difícil, tomava um fôlego comprido, engolia em seco e às vezes até se assoprava resignadamente. Mas não falhava.
— Os sábios, menina, são os puxa-filas da humanidade”.
Trecho extraído do livro Viagem ao céu.
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