O dia 18 de abril marca a celebração da literatura infantil no País, uma homenagem a Monteiro Lobato, escritor que revolucionou a indústria literária ao criar livros que aguçaram o imaginário das crianças, até então acostumadas a obras recheadas de preceitos éticos e morais. José Renato Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, no interior de São Paulo, no dia 18 de abril de 1882.
Na infância, Lobato já demonstrava o interesse pela literatura e escrevia para jornais da escola. Logo cedo, teve de saber lidar com a perda: quando tinha 15 anos, morreu seu pai, o fazendeiro José Bento Marcondes Lobato, e, um ano depois, a mãe, dona Olímpia Augusta Monteiro Lobato.
Por influência do avô, concluiu o curso de Direito da Faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo. Nessa época, dividiu-se entre suas principais paixões: escrever e desenhar. Com o diploma em mãos, mudou-se para Areias, onde foi nomeado promotor público. Trocou de lar novamente após a morte de seu avô, que deixou como herança uma fazenda em Buquira (hoje, Monteiro Lobato), local que seria o seu próximo destino. Acompanhado de sua esposa, Maria da Pureza de Castro Natividade, e inspirado pelo ambiente do campo, foi onde iniciou sua projeção como grande escritor.
Urupês é considerada uma das obras mais importantes de Monteiro Lobato. Nela, estão presentes dois artigos do autor publicados anteriormente no jornal O Estado de São Paulo, gerando uma grande repercussão, além de um conjunto de contos. O primeiro, intitulado de "Velha Praga", denuncia as queimadas do Vale do Paraíba. No segundo, chamado "Urupês", o autor define e caracteriza o caboclo - que ele chama de Jeca Tatu - como um ser ignorante, preguiçoso, sem nenhum senso de arte e nenhum desejo de permanência e de realização. Personagem esse completamente diferente dos caipiras e indígenas idealizados pelos romancistas como, por exemplo, José de Alencar.
Monteiro Lobato nasceu em Taubaté em 1882 e desde criança já demonstrava paixão pelos livros e pela escritaFoto: Divulgação
Seu grande destaque na literatura infantil foi a saga do Sítio do Picapau Amarelo, iniciada em 1921 com o lançamento de Narizinho Arrebitado, e que hoje já transcende o papel e é constantemente adaptado para a televisão, seja em formato de seriado ou, mais recentemente, como desenho animado.
Um de seus principais personagens é a Emília, que nasceu boneca, evolui e virou gente. Trata-se do personagem alter ego de Monteiro Lobato. Curiosa, falava demais - e tudo o que tivesse vontade. De forma polêmica agia também o autor, que causou confusão ao criticar Anita Malfatti e a influência do futurismo nas obras artísticas em seu artigo Paranóia ou Mistificação?. Foi chamado de conservador por modernistas. Outras polêmicas vieram recentemente, quando suas obras foram questionadas pelo teor racista.
Na avaliação do professor da Unesp João Luís Ceccantini, o autor, embora seja conhecido como um homem a frente do seu tempo, representa também as contradições de sua época ao usar representações que hoje são consideradas preconceituosas. Porém, segundo ele, não se pode julgar com os olhos de hoje a história de um século anterior.
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