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sábado, 16 de abril de 2011

Leia opinião de escritores e outras personalidades sobre a obra de Lobato!

Hoje é dia de festa! "Reinações de Narizinho", de Monteiro Lobato, está completando 80 anos.


O livro fez parte da infância de muita gente. E ainda continua fazendo. Veja o que escritores, dramaturgos, ilustradores, apresentadores e até a neta do Monteiro Lobato acham do Sítio do Picapau Amarelo:
Joyce Campos Kornbluh, neta do Lobato.
"O livro [do Lobato] que mais me influenciou foi a "Reforma da Natureza", porque até hoje tenho vontade de reformar tudo. Dei até ideias do que precisava reformar na natureza. Aquela coisa de colocar torneirinha na teta da vaca foi ideia minha, porque eu passava minhas férias em Taubaté. O capítulo mais bonito [de "Reinações de Narizinho"] é o casamento da Narizinho. Aparece a Baratinha, a Emília some. E aquele vestido é a coisa mais linda."

Marcelo Tas, apresentador do programa "CQC".
Sem dúvida, a boneca Emília é minha personagem favorita. Ela tem um humor nonsense, muitas vezes cruel, sem perder a ingenuidade de uma boneca de criança. É um achado incrível do autor, um brinquedo que fala, coisa que o pessoal da Pixar com a série "Toy Story" foi descobrir muito tempo depois com grande maestria. Tem vários trechos especiais de "Reinações de Narizinho". Eu me lembro do enterro da vespa, uma descrição da morte do inseto, que ficou preso dentro de uma jabuticaba e acabou enterrado por uma gangue de formigas. Eu fui criado no interior, vivia na fazenda, aquela descrição era ao mesmo tempo familiar e provocadora. Lobato me colocou diante de vários pensamentos novos, com doçura e transparência, como a morte.
Divulgação

A atriz Ana Luísa Lacombe 
Gabriel Villela, diretor de teatro.
Meu pai era muito radical, entendia o Lobato como preconceituoso pela visão que tinha da Tia Nastácia e do Jeca Tatu. Tive contato na infância com uma tia que era professora e lia para a gente trechos do "Reinações de Narizinho". O que fica de mais bonito para mim eram os instantes em que o Monteiro Lobato misturava Esopo, La Fontaine com os personagens da fábula.

Ana Maria Machado, escritora de livros infantis.
A Emília é sem dúvida minha personagem favorita. Pela sua irreverência, seu senso de humor, sua rebeldia, sua coerência inteligente, suas adoráveis asneirinhas. É difícil escolher, mas acho que minha parte favorita de "Reinações de Narizinho" é quando Narizinho e Emília vão ao Reino das Águas Claras. Talvez porque nunca perdi a sensação do mais absoluto deslumbramento que essas cenas me trouxeram quando me encontrei com elas pela primeira vez.

Laerte Coutinho, cartunista.
Meu personagem preferido, de longe, é a Emília --uma das melhores personagens de toda a literatura infantil que eu já li, brasileira ou não. É uma figura forte, sem a qual nenhuma das aventuras para em pé. É contraditória, incoerente, de espírito forte e original. Não há como não ficar fascinado por ela. No livro, gosto muito do pedaço em que eles organizam um circo no sítio. Emília insiste em chamar de "Círculo de Escavalinhos" --um projeto tão fantasioso quanto rico em improvisação e brincadeira.

Ana Luísa Lacombe, atriz, contadora de histórias e figurinista.
Claro que meu personagem predileto é a Emília. Aprendi a amar a Emília e sua irreverência com minha mãe. Conheci Monteiro Lobato pela voz de minha mãe, que leu toda a obra para mim e meu irmão em nossas férias no sítio. Sim, tínhamos um sítio de meus avós e as aventuras de Narizinho e Pedrinho eram tão próximas de nossa realidade que às vezes achávamos que íamos encontrar o Saci no meio do mato.
Divulgação

O escritor Pedro Bandeira
Pedro Bandeira, escritor.
Minha personagem predileta é Narizinho, uma menina solitária que vive apenas com duas senhoras idosas. Sem ninguém para brincar, tem como única distração uma boneca de pano e um boneco feito com sabugo de milho. Sua imaginação então alça voo, cria um reino encantado no fundo do riacho, faz com que um peixinho se torne príncipe, casa-se com ele, faz com que sua boneca ponha-se a falar, muda o mundo com sua imaginação infantil, carregando para dentro dele seu primo Pedrinho e quem mais quiser embarcar nesse mundo maravilhoso. Narizinho é tudo.

Marcelo Romagnoli, diretor e dramaturgo.
Gostava de ver os [personagens] secundários, o Marquês de Rabicó, por exemplo, o tio Barnabé, o Quindim. Eu sou da roça, do interior de São Paulo. Então tudo aquilo era próximo. Barulho de saci em bambuzal era comum lá em São José do Rio Pardo. Quanto a "Reinações de Narizinho", a impressão que eu tenho é de uma poesia em estado de conto. Parece que ele está descobrindo --e devia estar mesmo-- a forma e o conteúdo de todo esse mundo emiliano.

Ana Raquel, escritora e ilustradora.
Meu personagem preferido do Sítio sempre foi a Emília. Primeiro pelo fato de ela ser de pano, eu sempre vivi entre costuras e bordados. E, ainda por cima, ela tem o atrevimento e a teimosia que não me eram permitidas.

Laura Sandroni, escritora, autora de "De Lobato a Bojunga".
Tive contato com a obra pela primeira vez quando ouvi minha mãe lendo pra mim. Eu devia ter 6 ou 7 anos. Depois li para os meus irmãos e eles também curtiam demais. Depois para os meus filhos. Acho o Sítio do Picapau Amarelo algo fantástico em termos de imaginação. Eu pude ver, na faculdade, as principais qualidades do Lobato: o uso da linguagem coloquial, imaginação livre, invenção de palavras, passagem da ficção para a realidade sem dizer se estava sonhando.

A escritora Ana Maria Machado 
Angela Lago, escritora e ilustradora.
Tenho quase certeza que todo mundo vai escolher a Emília [como personagem favorita]. Eu também. Adoro esta desaforada que fala o que bem entende! Minha parte favorita do "Reinações de Narizinho" é a "porta de entrada" do livro, que se abre simples e simpática e nos chama para dentro da história. Relendo este trecho me assusto como os tempos mudaram. Tenho mais de sessenta, como Dona Benta, mas não sou velha "de cestinha de costura ao colo e óculos de ouro na ponta do nariz".

Claudio Santini, ator e diretor de teatro Infantil
Meu personagem preferido só pode ser a Emília. Além de ser uma incrível alegoria de uma boneca que fala, a Emília é um perfeito clown: atrapalhada, faladeira, alegre e se mete em todas as confusões. Meu trecho favorito de "Reinações de Narizinho" é o que os personagens vão parar no Mundo das Maravilhas e encontram os personagens clássicos como Aladin, Cinderela, Branca de Neve, criando incríveis possibilidades de encontros e diálogos. O mundo está copiando isso até hoje!



Marisa Lojolo, escritora
Acho que ["Reinações"] foi a primeira obra de Lobato que li. Foi a porta de entrada em um mundo maravilhoso, ao qual até hoje retorno com imenso prazer. Quando li pela primeira vez, morava em Santos, cidade de praia. Adorei a cena da festa no fundo do Ribeirão das Águas Claras, que para mim era o fundo do mar. Nunca esqueci os vestidos que Dona Aranha fez para Narizinho, um de teia cor-de-rosa com estrelinhas de ouro, outro de "pura cor" enfeitado com todos os peixinhos.

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