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domingo, 2 de março de 2008

Vovó Monteiro Lobato


Joyce contou que passou a infância e parte da juventude ao lado do avô, em São Paulo. Como era a única criança da família, ganhou toda a atenção do escritor. Aos quatro anos de idade, muito curiosa e enxerida, Joyce costumava perturbar o sossego do seu avô quando ele estava escrevendo. “Então, ele inventou uma garrafa que ficava ao lado de sua mesa e me disse que, dentro da garrafa, havia um saci muito maldoso, que não gostava de crianças. Eu não devia nunca entrar no escritório para não acordar o saci. Com isso, eu dei sossego por um bom tempo, até que um dia, na ausência de meu avô, peguei a garrafa e a abri! A decepção foi grande, pois havia uma boa pinga dentro dela. Aí, o sossego dele acabou...”



O personagem do Sítio do Picapau Amarelo com o qual Joyce mais se identifica é Visconde de Sabugosa, pela curiosidade intelectual e habilidade em inventar coisas, como o Pó de Pirlimpimpim. Ela acha que Monteiro Lobato tinha muito de Emília e de Dona Benta (liberdade e sabedoria). “Ele falava através das duas”, afirma.



Nossa entrevistada conta ainda que, com o avô, aprendeu a ser independente, a odiar os preconceitos e a ser ela mesma. “Às vezes, ele contava as histórias que estava escrevendo e perguntava minha opinião. E eu me sentia muito importante”, lembra, com saudade. “Quando eu era pequena, o que mais admirava era a pessoa do meu avô, seu modo de ser e sua beleza (para mim, ele era lindo). Hoje eu admiro meu avô por tudo o que ele foi e ainda é, ou seja, uma personalidade imortal. Espero que as crianças leiam tudo de Lobato que cair em suas mãos”.

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