Belmonte, o grande caricaturista da década de 40, criador de inúmeros personagens, entre eles o famoso Juca Pato, que utilizava suas críticas a sociedade nas páginas da "Folha da Manhã", foi quem conseguiu, com maestria, configurar as situações criadas por Monteiro Lobato do Sítio do Picapau Amarelo.
Antes de Belmonte, outro artista havia iniciado o trabalho com Lobato: Voltolino Lemo Lemme, talves nosso principal caricaturista da década de 10 e 20. Voltolino ilustrou pela primeira vez as edições que eram publicadas pela editora que levava o nome do escritor. Todavia, foi Belmonte que deu o embasamento gráfico aos personagens de Lobato. Depois de Belmonte, outros desenhistas trabalharam com o Sítio, como André Le Blanc, mas todos partiram da gráfica utilizada por ele. Partiram de Belmonte para chegar ao seu próprio traço.
"Belmonte realizou um trabalho de muito bom gosto, "arredondado", que teve muito haver com o grafismo da época e foi o único que conseguiu captar a obra de Lobato". Assim, é que Ivo Branco, jornalista e cineasta define o trabalho de Belmonte. Ivo Branco realizou o ano passado um curta metragem a pedido do museu Imagem e Som, da Universidade de Taubaté, que juntos, estão realizando um projeto para comemorar o centenário do escritor.
Belmonte iniciou a criação dos personagens infantis, na década de 30, nas páginas da Folha da Manhã, com Bastinho e Bastião. Na década de 40, Belmonte começou a dar corpo aos personagens de Lobato. Para Ivo Branco, a criação do desenhista não se resumia aos livros de Lobato, mas sim em vários veículos.
Branco vê também uma identificação do cartunista com Monteiro Lobato: o traço nacionalista. "Belmonte era apaixonado por São Paulo, tinha um sentimento de relação "o que é nosso", é claro que isso levava uma postura nacionalista. Alias ele foi convidado várias vezes para trabalhar em outros países, recusando-se sempre a aceitar a proposta".
Matéria publicada em 1982
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