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quarta-feira, 31 de outubro de 2012
A Visita continua!
Dona Benta pensa bem e vai falar com o Príncipe. A Avó convida todos para
entrarem. Nastácia tem medo. Rabicó mostra a lata de lixo para Quindim. Dona
Benta e Nastácia conhecem os visitantes. Rabicó leva Quindim para a cozinha. O
Porco come várias coisas e manda o rinoceronte pegar uma panela. Nastácia chega
e espanta o Rabicó. Dona Aranha e suas filhinhas costuram algumas meias. Emília
chega para conversar com a dona aranha. Pedrinho e Major Agarra e não larga mais
querem fazer uma competição para ver quem é mais corajoso. Miss Sardine conversa
com Nastácia na cozinha. Dona Benta passeia com Doutor Caramujo perto do
ribeirão. Emília continua a conversa com Dona Aranha. Visconde dá as cordenadas
para a primeira prova. Pedrinho consegue montar no pangaré sem a cela. Major não
consegue. Quindim vai ao pomar com o Rabicó. Dona Benta faz alongamentos com a
ajuda de Doutor Caramujo. Pedrinho começa a segunda prova. O Menino sobe na
árvore para pegar um ovo do gavião. A Mãe do gavião ronda a árvore
Hércules salva Prometeu!
Diversão a toda hora – Dia do Saci
O Pedrinho foi perguntar ao Tio Barnabé sobre como pegar o Saci.
O Tio Barnabé explicou todos os passos. Disse que é preciso ir a uma ventania com uma peneira na mão.
- Os Sacis saem dos bambuzais e vão direto para essa correnteza de vento. É preciso ser ágil para pegá-los – disse o sábio.
Depois que chegar à ventania é só ficar quietinho e esperar o Saci chegar. Assim que avistá-lo, jogue a peneira no chão e coloque o Saci em uma garrafa, para que não saia de lá sem que você queira.
É um trabalhão, mas o Pedrinho aprendeu direitinho. É, quase. Na primeira tentativa ele ficou foi com o gorro do Saci na mão.
E você sabe como se faz o capuz do Saci?
O Tio Barnabé também ensinou para gente. Olha só:
Você vai precisar de:
Molde do capuz impresso
50 cm de feltro vermelho
Tesoura
Cola pano
Giz para riscar tecido
Modo de fazer:
Corte o molde do capuz, posicione em cima do feltro e risque com o giz.

Recorte 2 partes do tecido e passe cola nas laterais do triângulo. Mas fique atento. Deixe a base sem cola.

Una as duas partes de tecido e pressione bem. Espere secar por pelo menos 2 horas.

Corte a pontinha do triângulo e vire o capuz do lado certo. Agora você já pode usar seu capuz igualzinho ao do Saci!
O Tio Barnabé explicou todos os passos. Disse que é preciso ir a uma ventania com uma peneira na mão.
- Os Sacis saem dos bambuzais e vão direto para essa correnteza de vento. É preciso ser ágil para pegá-los – disse o sábio.
Depois que chegar à ventania é só ficar quietinho e esperar o Saci chegar. Assim que avistá-lo, jogue a peneira no chão e coloque o Saci em uma garrafa, para que não saia de lá sem que você queira.
É um trabalhão, mas o Pedrinho aprendeu direitinho. É, quase. Na primeira tentativa ele ficou foi com o gorro do Saci na mão.
E você sabe como se faz o capuz do Saci?
O Tio Barnabé também ensinou para gente. Olha só:
Você vai precisar de:
Molde do capuz impresso
50 cm de feltro vermelho
Tesoura
Cola pano
Giz para riscar tecido
Modo de fazer:
Corte o molde do capuz, posicione em cima do feltro e risque com o giz.
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Recorte 2 partes do tecido e passe cola nas laterais do triângulo. Mas fique atento. Deixe a base sem cola.
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Una as duas partes de tecido e pressione bem. Espere secar por pelo menos 2 horas.
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Corte a pontinha do triângulo e vire o capuz do lado certo. Agora você já pode usar seu capuz igualzinho ao do Saci!

Dia do Saci: folclore brasileiro tem criaturas do além!
Dia das Bruxas!
Cuca (Brasil): Baseada na coca das lendas portuguesas, a cuca é uma bruxa em forma de jacaré que assusta as crianças. Ficou famosa como a grande vilã do "Sítio do Pica-Pau Amarelo", série de livros de Monteiro Lobato adaptados para a TV. Acima, a Cuca nas versões do "Sítio" de 1977 e 2001. Bruxa ou cuca: qual mito você prefere?
Halloween nada, eu gosto é do Saci
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No Brasil, o dia 31 de outubro é em homenagem ao Saci Pererê. De origem indígena, o Saci passou a integrar também a cultura de origem africana e algumas modificações no mito ocorreram aos longos dos anos até a forma como o concebemos hoje.
Segundo o site brasilescola.com, o Saci começou sendo retratado como um curumim (criança em tupi) endiabrado, tinha duas pernas e um tipo de rabo.
Somente após receber a influencia da cultura africana, ele transformou em um negrinho que perdeu a perna lutando capoeira. Surgiu o pito (tipo de cachimbo), e por influencia européia ganhou o gorro vermelho. Sua origem remonta à região sul do Brasil.
Muita gente conhece o Saci por causa do “Sítio do Pica-pau Amarelo” de Monteiro Lobato.
Comemora-se o dia do Saci desde 2003, através do rojeto de lei federal nº 2.762, de 2003 (apensado ao projeto de lei federal nº 2.479, de 2003), elaborado pelo Chico Alencar, (hoje PSOL – RJ, à época PT) e Ângela Guadagnin (PT – SP), atualmente vereadora em São josé dos Campos/SP, ainda no PT.
Infelizmente no país muita gente prefere se vestir de frankstein ou lobisomem e comemorar o Hallowen ou dia das bruxas.
De origem celta, essa festa foi levada aos EUA pelo irlandeses imigrantes e lá se consolidou e transformou-se no que é hoje. Seu nome faz relação a todos os santos.
O “Dia das Bruxas” não tem relação com nossa cultura. A imensa exposição a filmes e músicas estadunidenses fez com que essa geração adotasse essa festa como “nossa”.
Não se faz aqui um debate à base da xenofobia, e sim defesa de nossa cultura. Quem quiser comemorar “dia das bruxas” fique à vontade.
Mas a data, no Brasil, é o dia do Saci e em nada este personagem que tem a nossa cara fica a dever à cultura cultura anglo-saxônica.
Essa influencia toda é reflexo de parte de nosso povo que tem complexo de vira-lata. Nossas elites sempre nos ensinaram isso. Que somos “sub” qualquer coisa.
Um fetiche eurocentrista. Nada mais.
O mais engraçado é que lá fora, a “gringolândia” adora nossa cultura e nós sempre querendo cantarolar em inglês com um big mac na mão.
Seria cômico, se não fosse trágico.
Entre as forma de dominação de um povo a outro estão, além da militar e econômica, a cultural.
“Do you saca?”
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Vistia do Reino das Águas Claras!
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Narizinho
e Emília conversam na beira do ribeirão. As duas ouvem um miado e vão ver de
onde vem. Nastácia está com uma crise de tosse. Barnabé chega e percebe.
Pedrinho tenta ensinar Saci a andar de skate. Quindim ainda não está acostumado
com tanta liberdade. Dona Benta e Visconde conversam sobre livros. Emília e
Narizinho encontram um gato no capoeirão. Ele diz que conhece as duas e faz
charadas. Ele avisa que conhece um tal de Príncipe Escamado e que está indo para
o Sítio com todos do Reino das Águas Claras. A Boneca e a menina vão avisar
Pedrinho. O Neto de Dona Benta não consegue andar no redemoinho do Saci. Quindim
vai ao galinheiro e fica por lá. Emília e Narizinho avisam para o Pedrinho sobre
a visita da comitiva do príncipe. Logo depois, todos vão almoçar. Nastácia vai
até a cozinha e vê pela janela os peixes. A Cozinheira avisa para todos. A
Turminha corre para a janela, todos observam. Benta e Nastácia ficam pasmas.
Rabicó vê alguns caranguejos e corre de medo. Rabicó encontra Quindim no
galinheiro e vai ensina - lo a viver com liberdade. A Turminha pede para a avó
deixar os peixes entrarem. Benta fica pensativa
Nastácia sente saudade da turma!
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Um Novo Morador no Sítio
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Os Pomos de Ouro envolvem mais um trabalho para Hércules!
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Comemore o Dia Nacional do Livro!
Hoje é o Dia Nacional do livro e não devemos esquecer essa data. O problema do povo brasileiro que as grandes comemorações estão sendo esquecidas. Estão se resumindo em feriados e as pessoas lembram porque é feriado. O Dia Nacional do livro nem é feriado, então poucos lembram. Devemos muito para Monteiro Lobato que que contribuiu para a literatura adulta, mas o escritor vendo que as mãos do mundo estão nas crianças, resolveu escrever para elas. O jovem está perdido e o adulto mais ainda, por isso Lobato decidiu fazer as cabeças das crianças e fazer elas pensarem.
Obrigado Monteiro Lobato!
Divulgue o Dia Nacional do Livro!
Hoje, dia 29 de outubro, é comemorado o dia nacional do livro. Saiba a razão da escolha da data
As primeiras acomodações da Biblioteca foram em salas do Hospital da Ordem Terceira do Carmo, na cidade do Rio de Janeiro.
A escolha da data foi em razão da transferência da mesma para outro local, no dia 29 de outubro de 1810, fundando-se assim a Biblioteca Nacional do Livro, pela coroa portuguesa.
Da data da fundação até por volta de 1914, para se fazer consultas aos materiais da biblioteca era necessária uma autorização prévia.
O primeiro livro publicado no Brasil foi Marília de Dirceu, escrito por Tomás Antônio Gonzaga. Na época, o imperador do país fazia uma leitura prévia dos mesmos, a fim de liberar ou não o seu conteúdo, funcionando como censura.
Em 1925, Monteiro Lobato, escritor e editor, autor do Jeca Tatu e do Sítio do Picapau Amarelo, fundou a Companhia Editora Nacional, trazendo grandes possibilidades de crescimento editorial para o Brasil.
domingo, 28 de outubro de 2012
Vale a Pena Lembrar!
Convocamos uma heroína de pano para livrar Cida das garras de Isadora
http://globotv.globo.com/rede-globo/video-show/v/convocamos-uma-heroina-de-pano-para-livrar-cida-das-garras-de-isadora/1972293/
http://globotv.globo.com/rede-globo/video-show/v/convocamos-uma-heroina-de-pano-para-livrar-cida-das-garras-de-isadora/1972293/
VOTE agora mesmo e participe!
O Mundo do Sítio está concorrendo ao prêmio de MELHOR SITE DO ANO! http://www.sitedoano.com.br/mundo-do-sitio/
sábado, 27 de outubro de 2012
Vale a Pena Lembrar!
Todos lembram o dia das bruxas, mas no brasil comemora - se o dia do Saci Pererê!
http://globotv.globo.com/rede-globo/tv-globinho/v/no-brasil-o-dia-31-de-outubro-e-o-dia-oficial-do-saci-perere/1680056/
http://globotv.globo.com/rede-globo/tv-globinho/v/no-brasil-o-dia-31-de-outubro-e-o-dia-oficial-do-saci-perere/1680056/
Notícias Mundo do Sítio!
Esconde - Esconde é um dos próximos jogos a estrear no Mundo do Sítio. Veja a notícia que está sendo divulgada no jogo.
Bete Mendes escalada para a próxima novela das 6
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Nastácia desmaia ao ver o rinoceronte!
Hoje no
programa, Emília mostra para Pedrinho e Narizinho onde viu o rinoceronte. Mas na
verdade era o Rabicó escondido no meio de um arbusto. A Boneca não vai desistir.
Nastácia mostra para Benta um jornal com a notícia sobre o rinoceronte. A avó
lê e diz a Nastácia que uma dupla será responsabilizada pela caça do animal.
Essa dupla já está pelas redondezas: BX2 E BX3 vão entrar em ação. Emília
descobre pelos seus besouros que um animal muito grande apareceu pela estrada de
Tucanos. A Boneca fica interessada. Emília vai à cozinha e encontra Narizinho e
Pedrinho. A Boneca diz que tem um rinceronte para vender ao neto de Benta.
Pedrinho fica bravo e sai, pois não acredita no que Emília falou. Benta vê na TV
tudo sobre a caça do rinoceronte. Emília diz para a avó que um rinoceronte ia
ficar bem bonito no jardim do Sítio. Benta não gosta da ideia. Emília quer
encontrar o bicho. A Boneca e o Rabicó vão para o local onde os besouros viram o
animal. O porco vê o rinoceronte e foge. Emília vai falar com o animal. O
rinoceronte diz que fugiu do circo, pois era maltratado. Ele não aceita ir ao
Sítio, pois quer ir para a África. Rabicó conta para Pedrinho, Narizinho e
Visconde sobre o rinoceronte. Os primos e o sabugo saem para o quintal e
encontram Emília. A Boneca diz que o bicho foi para a África. Rabicó come os
brigadeiros que estão na sala. Nastácia chega e o expulsa. Benta assina na
internet uma lista para o rinoceronte voltar para a África. O rinoceronte decide
se esconder no Sítio do Picapau Amarelo, pois o Miguelito está por perto. Toda
turma sai para procurar o animal que fugiu do circo. No caminho, eles encontram
o dono do circo, a mulher barbada e o perna de pau, mas não gostam da conversa
deles. Nastácia anda pela varanda do Sítio e Vê o rinoceronte. A cozinheira
desmaia.
Cuca gosta da estátua!
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Baterias recarregadas!
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Gente!!! Outro dia, vi um homem jogando um saco cheio de baterias de computadores e celulares no lixo comum! Pode? Claro que não! E não pode de jeito algum, pois essas baterias têm uma espécie de coquetel de produtos químicos dentro delas… e imaginem o que acontece quando esse coquetel é despejado no meio ambiente? Pois é… polui tudo o que está a sua volta!
A melhor coisa para se fazer quando você precisa trocar as baterias é depositá-las em lugares preparados para recebê-las e reciclá-las. Há lugares que até fizeram uma espécie de lata de lixo só para isso! No site de algumas operadoras de telefone, de marcas famosas de aparelhos celulares, eles explicam o que fazer e até indicam onde jogar as baterias para que sejam recolhidas e encaminhadas a um lugar que se responsabilizará por transformá-las em outra coisa!
Ah! O homem! Fui falar com ele… expliquei tudo isso e disse que o ajudaria a jogar aquelas baterias, mas, da próxima vez, ele teria de fazer a sua lição de cidadania!
Um beijo e até o dia 9 de novembro,
Marcelo
Marcelo Cunha Bueno é consultor do Mundo do Sítio, desde o começo do site. Acompanhou a criação da Terra Encantada da Sabedoria, Biblioteca do Visconde e o jogo Brincaderia. Além disso, é dono da escola Estilo de Aprender, em São Paulo, e colunista da Revista Crescer
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Emília quer encontrar o rinoceronte!
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Carro de Apolo se aproxima da Terra!
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Banheiro na casa da árvore!
Vocês se lembram do plano malvado da Cuca?
Depois que a caverna dela foi invadida por muitas bactérias, a bruxa jogou todas elas no Sítio e com isso os avatares começaram a ficar tristes. A Dona Benta e a Tia Nastácia rapidamente organizaram um mutirão da limpeza para acabar com esse plano.
Com a ajuda de vocês e da Emília, Narizinho e Pedrinho, a campanha foi um sucesso e agora a Casa da Árvore tem uma novidade: um banheiro para que todos os avatares possam lavar as mãos, tomar banho e com isso eliminar as bactérias que deixaram todos doentes no Sítio.

No banheiro, você poderá utilizar a pia e o chuveiro. Para manter seu avatar com as mãos sempre lavadas e de banho tomado, basta utilizar o mouse e clicar nos objetos.
Dessa forma, as bactérias vão ficar bem longe. Ah, temos outra novidade: com essas atitudes, os avatares ficarão felizes novamente. Eba!
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Agora que todo mundo vai eliminar as bactérias e voltar a sorrir, será que dessa vez a Cuca vai deixar o Sítio em paz?
O que você acha
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Narizinho troca o sonífero por sal!
Hoje no
programa, Pedrinho tira Narizinho da rede. A menina quer se vingar dos
caçadores. A turma decide voltar ao Sítio e fazer uma estratégia de batalha.
Cuca procura pelos Saci na mata. A Bruxa quer contar que o Saci virou amigo do
neto de Dona Benta. No Sítio, Emília faz algumas granadas para combater os
caçadores. Na mata, os caçadores decidem colocar sonífero em uma carne e dar
para onça. Os besouros de Emília ouvem e vão direto para o Sítio. Casca e
Cascadura atrapalham a explicação dos planos de Pedrinho e falam para Emília
sobre o sonífero. A Boneca avisa a todos que decidem ir o mais rápido para o
capoeirão. Saci fala com a onça. O diabinho de uma perna só vê a turma entrando
na mata. Tico - Tico e Sabiá cantam na cozinha de Nastácia. Benta chega de carro
e convida os cantores para animarem a festa. Eles aceitam. Saci descobre que é
por causa dos caçadores que a turma do Sítio está na mata. O diabinho de uma
perna só ouve gritos da Cuca. Pedrinho fala para todos que eles precisam trocar
o sonífero por sal. Rabicó é o escolhido para ser a isca. O porco aparece no
acampamento. Os caçadores, assustados, correm atrás dele. Narizinho entra no
acampamento e troca o sonífero por sal. Depois, todos comemoram. Os caçadores
chegam e decidem fazer o trabalho rápido. Eles colocam o sal na carne
acreditando que é sonífero. Barnabé sente ciúmes das cantigas de Tico - Tico e
Sabiá. Depois de uma longa conversa, Cuca acredita e aceita ajudar Saci a se
livrar dos caçadores. Por falando neles, os homens deixam a carne na mata e se
escondem. A Turma observa escondida. A onça aparece e come a carne, nada
acontece para o espanto dos homens. Turma decide ir embora para o Sítio. Os
caçadores aparecem e descobrem o plano. Todos ficam assustados.
Hera causa confusão na terra das Amazonas!
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Narizinho fica presa em uma armadilha!
Hoje no
programa, Emília, Narizinho e Pedrinho brincam com bonecos de legume na varanda.
Rabicó aparece e pega uma batata. Emília corre atrás do porco. Nastácia e
Barnabé conversam na cozinha. Barnabé diz que antigamente os bichos do capoeirão
apareciam no Sítio pegando alimentos. Os dois acreditam que tem caçadores no
Capoeirão. Benta chega e diz que faz tempo que não ouve falar em caçadores pelas
redondezas. A avó pede para Barnabé levar os agasalhos para o carro. O Velho
vai. Nastácia e Benta escutam a música Sítio do Picapau Amarelo no rádio. Emília
e Rabicó brigam pela batata. A boneca puxa e cai. Dois besouros riem de Emília.
Pedrinho ajuda Benta a colocar os agasalhos no carro. A avó diz que as roupas
vão para a Campanha do Agasalho. Narizinho chega e traz mais alguns casacos.
Visconde sai de dentro dos tecidos. O Sabugo explica que "caiu no sono". Benta
se despede e sai com o carro para o Arraial. No caminho, a avó encontra Tico -
Tico e Sabiá, dois cantores. Benta convida eles para irem ao Sítio. Os homens
aceitam e vão cantando até lá. Emília conta sua história para os besouros. Casca
e Cascadura dizem que tem caçadores na mata. Rabicó anda pelo Capoeirão e
encontra os caçadores. O porco consegue escapar sem ser visto. Emília e Rabicó
chegam no Sítio e falam dos caçadores. A Turma sai para ver o que está
acontecendo. Tico - Tico e Sabiá chegam no Sítio e Nastácia os convida para um
café. Barnabé não gosta muito dos dois. Cuca está brava com Saci, pois o seu
primo a traiu e ficou amigo de Pedrinho. Os caçadores espalham armadilhas pela
mata. Turma tira as armadilhas. Todos se separam. Narizinho fica presa em uma
rede por descuido!
Jonas fica fascinado com as estátuas de Dona Benta!
Hoje no Gloob, o templo da turminha é atacado por vários meninos que
querem pegar a varinha da Emília. A boneca não deixa. Ela transforma os meninos
em vários objetos úteis. No Sítio, Jonas fica maravilhado com as estátuas que a
turma mandou para Benta da Grécia. O arqueólogo quer pesquisar. O Pedrinho quer
que a boneca use a varinha para ajudar o Visconde, que se machucou na hora da
invasão. Emília não quer. A Boneca dá a ideia de eles pegarem um potrinho de
Centauro para levar o sabugo nas aventuras. Pedrinho faz uma instrumento de caça
e Hércules e ele conseguem pegar o Centaurinho, que Emília o batiza de Meio a
Meio. Narizinho manda carta para Benta contando que eles vão ter que entrar em
terras das guerreiras Amazonas. A avó conta para a cozinheira a história das
Amazonas. Jonas percebe que a estátua tem mais de três mil anos e fala com
Benta. A avó explica a viagem dos netos para a Grécia Mitológica. Jonas fica
confuso e pensa que as crianças viajam por um universo paralelo. Barnabé chega,
no acampamento e fala com o arqueólogo. Saci surge no redemoinho e rouba o
cachimbo dos dois. Na Grécia, a turma vai de barco até a terra das Amazonas.
Hércules passa mal na viagem, mas o Deus do vento joga uma brisa e Hércules fica
melhor. Jonas cava para encontrar relíquias no Sítio. O arqueólogo cava tanto
que cai na gruta da Cuca. A Bruxa fica feliz. Na Grécia, todos chegam nas terras
das Amazonas. Os outros heróis já estão ali. Pedrinho e Meio a Meio andam pela
praia para levar uma mensagem para a rainha das Amazonas. No caminho, eles
encontram as guerreiras, que ficam bravas com a invasão.
Caçada ao racismo
“Sim, era o único jeito – e Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima, com tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida senão trepar em mastros.” Em Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, a velha empregada negra, tão presente no imaginário de gerações de crianças brasileiras, fugia de uma onça lá nos idos de 1933, quando o livro foi publicado. Só que o País mudou. A difusa fronteira entre realidade e ficção, no caso entre um preconceito historicamente arraigado e o campo da literatura, ganhou contornos políticos. E o autor infantil mais popular do Brasil foi levado ao Supremo Tribunal Federal.
Julgado pelo suposto racismo de sua obra, Lobato pode ser condenado a ter publicada com ela um mea culpa, uma espécie de ressalva histórica. Na pior das hipóteses, ela pode ser retirada do Programa Nacional Biblioteca da Escola, que distribui milhões de livros a escolas públicas. Por trás da discussão literária, o que surge são as vísceras de uma questão bem mais profunda: como o País está disposto a lidar com seu racismo, não só o que se traduz no abismo socioeconômico entre negros e brancos, mas também um tipo mais delicado, aquele do plano simbólico da literatura e outros objetos culturais produzidos antes das conquistas de direitos humanos e que voltam a assombrar um país que se jacta de sua suposta democracia racial.
Morto em 1948, há dois anos o autor virou foco de uma disputa inédita, cuja envergadura ideológica soa incomum à sociedade brasileira. Caçadas de Pedrinho, usado em duas ocasiões pelo PNBE, teve sua distribuição ameaçada em 2010 por um parecer do Conselho Nacional de Educação, que, em resposta à ouvidora da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), recomendava que o livro com teor racista não fosse selecionado – e, caso o fosse, que contivesse uma ressalva. O motivo: racismo. O governo aceitou exigir uma nota que discutisse “a presença de estereótipos raciais” e oferecesse contextualização histórica. Mas o Instituto de Advocacia Racial (Iara) e o técnico em gestão educacional Antonio da Costa Neto acharam insuficiente e entraram com um mandado de segurança para exigir a preparação dos professores da rede pública. O caso parou no STF. Convocados pelo ministro Luiz Fux, as partes se reuniram, sem consenso. Outra reunião está marcada para a terça-feira 25. Caso não haja acordo, o processo pode ir ao plenário do STF.
Passado e futuro se chocam no debate. Quando Lobato escreveu seus livros infantis, a escravidão tinha sido abolida havia 50 anos. Os ex-escravos eram marginalizados por uma segregação informal que só foi amortecida lentamente, tanto que é visível hoje nas favelas do Rio, na periferia de Salvador, nas filas de desempregados País afora, assim como no modo como negros são retratados nas novelas e encarados pelo sistema policial e judiciário. Perto de 50,7% da população se declarou preta ou parda ao Censo de 2010. Mas se eles são metade do País, estão bem atrás em termos de oportunidade. Segundo um estudo do Ipea que comparou os indicadores sociais de negros e brancos no Brasil, entre 1995 e 2005, há um abismo racial socioeconômico. Um negro ganha em média metade do salário de um branco com mesmo grau de instrução. Entre os negros, a taxa de analfabetismo acima de 15 anos é até três vezes maior. Outros dados trazem um retrato igualmente cru dessa realidade. Os negros são 65% dos presos. Um adolescente negro tem quatro vezes mais risco de ser assassinado do que um branco e três vezes menos chance de chegar ao ensino superior. A distância tem diminuído, é verdade. Mas se as taxas persistirem, os negros alcançarão o nível de pobreza dos brancos em meio século.
Os negros também têm menos chances de se fazer ouvir, mesmo quando se trata do preconceito de cor. A cada 17 denúncias de racismo, apenas uma vira ação penal no Brasil, segundo constatou o pesquisador Ivair Augusto dos Santos em sua tese de doutorado, que virou o livro Direitos Humanos e as Práticas de Racismo. Para Santos, o racismo brasileiro é institucionalizado. “É no atendimento de saúde, na abordagem policial, no mercado de trabalho que o negro sofre o racismo. No Brasil, o racismo é difícil de detectar.” Quando criança, aluno de uma escola pública da zona leste de São Paulo, Santos recebeu da professora o livro de Lobato para ler. Ficou chocado com a Tia Nastácia retratada como “macaca de carvão” e com a displicência da professora em relação ao tema. “A reação que a gente tem é de vergonha. Os meus filhos não vão ler esse livro.”
Mas retirar o livro de Lobato da lista de material didático do MEC não seria uma forma de recalcar o racismo em vez de enfrentá-lo, de combater o preconceito apenas no âmbito simbólico e lavar as mãos quanto à promoção de igualdade social concreta? A discussão se divide entre os defensores inexoráveis da obra literária, que, dizem, não pode sofrer o peso do contexto histórico, e os que se preocupam acima de tudo com as representações do negro, com a reprodução de estereótipos. “Estão querendo ler o passado com o olhar do presente, propagar um analfabetismo histórico que é antiliterário por excelência”, diz João Ceccantini, especialista no autor e professor da Unesp. Ele vê uma ditadura do politicamente correto a ameaçar a literatura nas escolas. O que faz de Lobato um autor único, diz, são os voos de imaginação de seus personagens. “Querer proibir o livro no ensino público é pensar que o leitor e o educador não têm senso crítico nenhum e que o livro precisa de bula. E, pior: é privar as crianças das escolas públicas de uma narrativa sofisticada e imaginativa, que retrata o brasileirinho, assim como Tom Sawyer retrata o americaninho daquela época.”
As atuais denúncias ao racismo de Lobato, dizem os literatos, seriam uma boa chance para pesquisar sobre leitura no Brasil. “Crianças e jovens que leem Caçadas de Pedrinho ou outras obras lobatianas opinam que o livro incentiva atitudes racistas? Leitores afrodescendentes sentem-se ofendidos quando leem as histórias do Sítio?”, pergunta-se, diz Marisa Lajolo, professora da USP e especialista em Monteiro Lobato. “Que tipo de cidadão forma a frase final de Caçadas de Pedrinho, na qual Tia Nastácia, tomando o lugar de Dona Benta em um carrinho, proclama: “Agora chegou minha vez. Negro também é gente, sinhá…” Será que a voz da própria Tia Nastácia, no livro, não é mais convincente do que rodapés e advertências?” Lajolo é contra incluir ressalvas, como notas de rodapé, ao livro. “Elas manifestam uma vontade disfarçada de gerenciar a leitura, impondo certos significados aos leitores. Em matéria de interpretação de arte não acredito em verdades absolutas. Tais questões não se resolvem com leis. Resolvem-se com diálogo e com qualidade de educação.”
O caso de Lobato está longe de ser o único. Em 2011, o romance Huckleberry Finn, do americano Mark Twain (1835-1910) foi republicado em edição modificada nos Estados Unidos, por chamar negros pelo pejorativo nigger. O termo aparece mais de 200 vezes ao longo da obra publicada em 1884. Após ser boicotado por escolas e currículos país afora, uma nova edição (para alguns, “mais politicamente correta”) foi publicada por outra editora, com a palavra nigger substituída por slave. O que enfureceu especialistas em literatura. “A culpa está no ensino, não no livro”, disse a professora de literatura Sarah Churchwell. “Você não pode mudar Dickens por ser incompatível com o modo de ensinar. Os livros de Twain não são apenas documentos literários, mas históricos, e essa palavra (nigger) é totêmica, porque codifica toda a violência da escravidão. O objetivo da literatura é expor a gente a ideias diferentes e épocas diferentes e elas não serão sempre boazinhas.”
Um tipo de raciocínio contrário ao do movimento negro e de boa parte dos intelectuais do campo social. “Estão tratando isso como uma questão literária. O que as pessoas precisam entender é que essa é uma decisão de política pública, de compra de milhões de livros para ensinar crianças”, diz o cientista político João Feres, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O PNBE distribui cerca de 6,7 milhões de obras literárias a mais de 50 mil escolas do ensino fundamental. Feres estranha o espanto da sociedade, que atribuiu à discussão a pecha de “politicamente correta”. Numa das edições do livro, há uma nota que contextualiza a morte da onça, para evitar o incitamento à morte de um animal em extinção. “Essa grande aventura da turma do Sítio do Picapau Amarelo acontece em um tempo em que os animais silvestres ainda não estavam protegidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), nem a onça era uma espécie ameaçada de extinção, como nos dias de hoje”, diz a nota. “Pode fazer ressalva à onça, mas não ao negro? É o fim da picada.”
O parecer do CNE sustenta o mesmo ponto, ao dizer que “o mesmo cuidado tomado com a inserção de duas notas explicativas e de contextualização da obra não é adotado em relação aos estereótipos raciais presentes na obra.” Mas, apesar do frisson causado na mídia, nunca se falou em censura do livro. O que está em jogo, em um primeiro momento, é a aceitação ou não da obra de Lobato na lista de livros do PNBE, o que permitirá que ele seja entregue a milhões de crianças. Em um segundo momento, o que segue em disputa é como lidar com o racismo. “O Brasil é um país racista e precisa enfrentar essa realidade”, diz Feres. “Ninguém está falando em censura. O que é preciso é combater o racismo tanto no âmbito simbólico quanto no âmbito das políticas públicas. São ambas importantes para lidar com o preconceito.”
O Estado tem agido para dar voz e oportunidades aos negros no âmbito concreto, por meio de ações afirmativas. Desde sua implantação, em 2004, o ProUni beneficiou mais de 1 milhão de alunos com bolsas, quase um terço deles de negros. O MEC adotou, entre os critérios de acesso ao Fundo de Financiamento ao Estudante de Nível Superior, uma fórmula de cálculo de pontuação que os beneficia. O ensino de história africana e da diáspora se tornou obrigatório. E as cotas, que pipocaram em uma ou outra universidade, vão se tornar a regra. Com a sanção presidencial à lei, metade das vagas em todas as universidades públicas brasileiras ficará com alunos oriundos de escolas públicas (com foco em negros e indígenas).
O aguardado Programa Nacional de Ações Afirmativas deve sair em outubro. Com ele, a Seppir quer arrancar do governo uma verba substancial para oferecer bolsas de permanência para cotistas negros e bolsas de iniciação científica, além de pressionar por cotas para negros em todo o funcionalismo. Hoje, quatro estados têm reservas de vagas em concursos públicos. A ideia é padronizar a conquista. “Mas não se pode esquecer do plano simbólico. No plano concreto é fácil medir. No simbólico, existe uma resistência a reconhecer o racismo. Precisamos mostrar o negro como alguém que produz conhecimento e não como um ser animalizado”, diz Luiza Helena de Barros, ministra da Igualdade Racial. É onde entra Monteiro Lobato. A posição do governo é de aceitar o consenso, caso surja algum no STF. Mas a ministra, negra, se reserva o direito de opinar. “Nosso entendimento sempre foi o de que recursos públicos não podem ser utilizados para adquirir obras consideradas racistas. Racismo é algo que existia naquele tempo como uma posição majoritária, e ainda existe hoje.”
O racismo de Monteiro Lobato parece surgir com nitidez nas referências animalizadas à personagem negra Tia Nastácia, sempre “a negra”. Está também em romances adultos, em O Presidente Negro, com toda a discussão da eugenia como solução para tensões raciais finalizada pela proposta dos raios ômega e em cartas a amigos, onde ele admitiu que sentia inveja dos norte-americanos por ter criado algo como a Ku Klux Klan. Mas privar a maioria dos brasileiros (que crescem nos bancos da escola pública) de um passado vergonhoso não seria anti-histórico? O próprio Lobato, após ofender os caboclos do interior com o preguiçoso Jeca Tatu, pediu desculpas em um artigo de jornal e numa nota que acompanhou a quarta edição de Urupês. “Eu ignorava que eras assim, meu caro Tatu, por motivo de doenças tremendas. Está provado que tens no sangue e nas tripas um jardim zoológico da pior espécie. É essa bicharada cruel que te faz feio, molenga, inerte. Tens culpa disso? Claro que não.” Ter informação sobre o passado e o presente pode mudar crenças e abrir perspectivas. O que o debate em torno de Lobato pode iluminar é qual a melhor maneira de se abordar o passado escravista brasileiro e o igualmente triste presente de desigualdade entre brancos e negros. Nisso, a leitura tem papel central. Como reza a frase de Lobato, já quase um lugar comum: “Um país se faz de homens e livros”.
Julgado pelo suposto racismo de sua obra, Lobato pode ser condenado a ter publicada com ela um mea culpa, uma espécie de ressalva histórica. Na pior das hipóteses, ela pode ser retirada do Programa Nacional Biblioteca da Escola, que distribui milhões de livros a escolas públicas. Por trás da discussão literária, o que surge são as vísceras de uma questão bem mais profunda: como o País está disposto a lidar com seu racismo, não só o que se traduz no abismo socioeconômico entre negros e brancos, mas também um tipo mais delicado, aquele do plano simbólico da literatura e outros objetos culturais produzidos antes das conquistas de direitos humanos e que voltam a assombrar um país que se jacta de sua suposta democracia racial.
Morto em 1948, há dois anos o autor virou foco de uma disputa inédita, cuja envergadura ideológica soa incomum à sociedade brasileira. Caçadas de Pedrinho, usado em duas ocasiões pelo PNBE, teve sua distribuição ameaçada em 2010 por um parecer do Conselho Nacional de Educação, que, em resposta à ouvidora da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), recomendava que o livro com teor racista não fosse selecionado – e, caso o fosse, que contivesse uma ressalva. O motivo: racismo. O governo aceitou exigir uma nota que discutisse “a presença de estereótipos raciais” e oferecesse contextualização histórica. Mas o Instituto de Advocacia Racial (Iara) e o técnico em gestão educacional Antonio da Costa Neto acharam insuficiente e entraram com um mandado de segurança para exigir a preparação dos professores da rede pública. O caso parou no STF. Convocados pelo ministro Luiz Fux, as partes se reuniram, sem consenso. Outra reunião está marcada para a terça-feira 25. Caso não haja acordo, o processo pode ir ao plenário do STF.
Passado e futuro se chocam no debate. Quando Lobato escreveu seus livros infantis, a escravidão tinha sido abolida havia 50 anos. Os ex-escravos eram marginalizados por uma segregação informal que só foi amortecida lentamente, tanto que é visível hoje nas favelas do Rio, na periferia de Salvador, nas filas de desempregados País afora, assim como no modo como negros são retratados nas novelas e encarados pelo sistema policial e judiciário. Perto de 50,7% da população se declarou preta ou parda ao Censo de 2010. Mas se eles são metade do País, estão bem atrás em termos de oportunidade. Segundo um estudo do Ipea que comparou os indicadores sociais de negros e brancos no Brasil, entre 1995 e 2005, há um abismo racial socioeconômico. Um negro ganha em média metade do salário de um branco com mesmo grau de instrução. Entre os negros, a taxa de analfabetismo acima de 15 anos é até três vezes maior. Outros dados trazem um retrato igualmente cru dessa realidade. Os negros são 65% dos presos. Um adolescente negro tem quatro vezes mais risco de ser assassinado do que um branco e três vezes menos chance de chegar ao ensino superior. A distância tem diminuído, é verdade. Mas se as taxas persistirem, os negros alcançarão o nível de pobreza dos brancos em meio século.
Os negros também têm menos chances de se fazer ouvir, mesmo quando se trata do preconceito de cor. A cada 17 denúncias de racismo, apenas uma vira ação penal no Brasil, segundo constatou o pesquisador Ivair Augusto dos Santos em sua tese de doutorado, que virou o livro Direitos Humanos e as Práticas de Racismo. Para Santos, o racismo brasileiro é institucionalizado. “É no atendimento de saúde, na abordagem policial, no mercado de trabalho que o negro sofre o racismo. No Brasil, o racismo é difícil de detectar.” Quando criança, aluno de uma escola pública da zona leste de São Paulo, Santos recebeu da professora o livro de Lobato para ler. Ficou chocado com a Tia Nastácia retratada como “macaca de carvão” e com a displicência da professora em relação ao tema. “A reação que a gente tem é de vergonha. Os meus filhos não vão ler esse livro.”
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Após um parecer do CNE, o livro virou foco de embate no STF. Se não houver consenso, a obra pode até ser retirada do programa de livros do MEC
As atuais denúncias ao racismo de Lobato, dizem os literatos, seriam uma boa chance para pesquisar sobre leitura no Brasil. “Crianças e jovens que leem Caçadas de Pedrinho ou outras obras lobatianas opinam que o livro incentiva atitudes racistas? Leitores afrodescendentes sentem-se ofendidos quando leem as histórias do Sítio?”, pergunta-se, diz Marisa Lajolo, professora da USP e especialista em Monteiro Lobato. “Que tipo de cidadão forma a frase final de Caçadas de Pedrinho, na qual Tia Nastácia, tomando o lugar de Dona Benta em um carrinho, proclama: “Agora chegou minha vez. Negro também é gente, sinhá…” Será que a voz da própria Tia Nastácia, no livro, não é mais convincente do que rodapés e advertências?” Lajolo é contra incluir ressalvas, como notas de rodapé, ao livro. “Elas manifestam uma vontade disfarçada de gerenciar a leitura, impondo certos significados aos leitores. Em matéria de interpretação de arte não acredito em verdades absolutas. Tais questões não se resolvem com leis. Resolvem-se com diálogo e com qualidade de educação.”
O caso de Lobato está longe de ser o único. Em 2011, o romance Huckleberry Finn, do americano Mark Twain (1835-1910) foi republicado em edição modificada nos Estados Unidos, por chamar negros pelo pejorativo nigger. O termo aparece mais de 200 vezes ao longo da obra publicada em 1884. Após ser boicotado por escolas e currículos país afora, uma nova edição (para alguns, “mais politicamente correta”) foi publicada por outra editora, com a palavra nigger substituída por slave. O que enfureceu especialistas em literatura. “A culpa está no ensino, não no livro”, disse a professora de literatura Sarah Churchwell. “Você não pode mudar Dickens por ser incompatível com o modo de ensinar. Os livros de Twain não são apenas documentos literários, mas históricos, e essa palavra (nigger) é totêmica, porque codifica toda a violência da escravidão. O objetivo da literatura é expor a gente a ideias diferentes e épocas diferentes e elas não serão sempre boazinhas.”
Um tipo de raciocínio contrário ao do movimento negro e de boa parte dos intelectuais do campo social. “Estão tratando isso como uma questão literária. O que as pessoas precisam entender é que essa é uma decisão de política pública, de compra de milhões de livros para ensinar crianças”, diz o cientista político João Feres, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O PNBE distribui cerca de 6,7 milhões de obras literárias a mais de 50 mil escolas do ensino fundamental. Feres estranha o espanto da sociedade, que atribuiu à discussão a pecha de “politicamente correta”. Numa das edições do livro, há uma nota que contextualiza a morte da onça, para evitar o incitamento à morte de um animal em extinção. “Essa grande aventura da turma do Sítio do Picapau Amarelo acontece em um tempo em que os animais silvestres ainda não estavam protegidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), nem a onça era uma espécie ameaçada de extinção, como nos dias de hoje”, diz a nota. “Pode fazer ressalva à onça, mas não ao negro? É o fim da picada.”
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O racismo deve ser combatido no plano concreto, via ações afirmativas, e no simbólico. Mas vetar o livro é a saída? Foto: Nilton Fukuda / AE
O Estado tem agido para dar voz e oportunidades aos negros no âmbito concreto, por meio de ações afirmativas. Desde sua implantação, em 2004, o ProUni beneficiou mais de 1 milhão de alunos com bolsas, quase um terço deles de negros. O MEC adotou, entre os critérios de acesso ao Fundo de Financiamento ao Estudante de Nível Superior, uma fórmula de cálculo de pontuação que os beneficia. O ensino de história africana e da diáspora se tornou obrigatório. E as cotas, que pipocaram em uma ou outra universidade, vão se tornar a regra. Com a sanção presidencial à lei, metade das vagas em todas as universidades públicas brasileiras ficará com alunos oriundos de escolas públicas (com foco em negros e indígenas).
O aguardado Programa Nacional de Ações Afirmativas deve sair em outubro. Com ele, a Seppir quer arrancar do governo uma verba substancial para oferecer bolsas de permanência para cotistas negros e bolsas de iniciação científica, além de pressionar por cotas para negros em todo o funcionalismo. Hoje, quatro estados têm reservas de vagas em concursos públicos. A ideia é padronizar a conquista. “Mas não se pode esquecer do plano simbólico. No plano concreto é fácil medir. No simbólico, existe uma resistência a reconhecer o racismo. Precisamos mostrar o negro como alguém que produz conhecimento e não como um ser animalizado”, diz Luiza Helena de Barros, ministra da Igualdade Racial. É onde entra Monteiro Lobato. A posição do governo é de aceitar o consenso, caso surja algum no STF. Mas a ministra, negra, se reserva o direito de opinar. “Nosso entendimento sempre foi o de que recursos públicos não podem ser utilizados para adquirir obras consideradas racistas. Racismo é algo que existia naquele tempo como uma posição majoritária, e ainda existe hoje.”
O racismo de Monteiro Lobato parece surgir com nitidez nas referências animalizadas à personagem negra Tia Nastácia, sempre “a negra”. Está também em romances adultos, em O Presidente Negro, com toda a discussão da eugenia como solução para tensões raciais finalizada pela proposta dos raios ômega e em cartas a amigos, onde ele admitiu que sentia inveja dos norte-americanos por ter criado algo como a Ku Klux Klan. Mas privar a maioria dos brasileiros (que crescem nos bancos da escola pública) de um passado vergonhoso não seria anti-histórico? O próprio Lobato, após ofender os caboclos do interior com o preguiçoso Jeca Tatu, pediu desculpas em um artigo de jornal e numa nota que acompanhou a quarta edição de Urupês. “Eu ignorava que eras assim, meu caro Tatu, por motivo de doenças tremendas. Está provado que tens no sangue e nas tripas um jardim zoológico da pior espécie. É essa bicharada cruel que te faz feio, molenga, inerte. Tens culpa disso? Claro que não.” Ter informação sobre o passado e o presente pode mudar crenças e abrir perspectivas. O que o debate em torno de Lobato pode iluminar é qual a melhor maneira de se abordar o passado escravista brasileiro e o igualmente triste presente de desigualdade entre brancos e negros. Nisso, a leitura tem papel central. Como reza a frase de Lobato, já quase um lugar comum: “Um país se faz de homens e livros”.
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