Sem recorrer ao sempre providencial pó de "pirlimpimpim", a caracterização dos atores do "Sítio do Pica-pau Amarelo" é feita mesmo com muita pesquisa, maquiagem, próteses, apliques e um minucioso trabalho de produção.
Tudo para imprimir na telinha a mistura de verdade e magia que consagra a obra de Monteiro Lobato.
Na série "A História das Invenções", que vai ao ar a partir desta segunda, dia 21, Leonardo Da Vinci e Santos Dumont dão um toque de genialidade ao programa. Para interpretá-los, foram convidados, respectivamente, os atores Leonardo Vieira e Ernesto Piccolo.Sem pozinho mágico ou feitiço da Cuca, os dois passaram por uma verdadeira metamorfose no camarim. "A cada nova história do 'Sítio', minha mente fica povoada de novos personagens. Meu trabalho é materializá-los na pele dos atores convidados", resume a supervisora de caracterização Beth Fairbenks, que também assina a já requintada composição visual do elenco fixo.
Em "A História das Invenções", baseado no livro homônimo de Lobato, o famoso pintor de "Monalisa" e o consagrado "pai da aviação" são interceptados por Emília, que os convence a fazer uma viagem através do tempo.No "Sítio", eles viram jurados de uma feira de Ciências em que concorrem as mais loucas invenções. Os dois, porém, se encantam mesmo com os avanços tecnológicos - e reais - do mundo moderno. "Mergulhei de cabeça na história de Santos Dumont.Descobri coisas incríveis, que vão de pequenas superstições que ele tinha ao desapontamento que sofreu ao ver sua grande invenção, o avião, utilizada na Primeira Guerra Mundial", conta um empolgado Piccolo, ainda preocupado em acrescentar, à perfeita caracterização física, o olhar levemente estrábico que detectou em fotos antigas do aviador.
Barba, bigode, peruca, boina, maquiagem e uma pesada roupa de veludo ajudaram Leonardo Vieira a "encontrar" seu personagem. Mas à custa de muito sofrimento."A cola usada nos apliques arde e coça muito. Além disso, faço uma verdadeira sauna para gravar com essa roupa toda no Sol. Mas vale a pena... É um sacrifício em nome da arte", suspira o ator, resignado.Na verdade, como Da Vinci teria pintado "Monalisa" por volta dos 50 anos, a produção do "Sítio" chegou a desistir de Leonardo Vieira para escalar um ator mais velho. "Mas não encontraram ninguém disponível e voltaram atrás.
Disseram que tinha de ser eu mesmo, que dariam um jeito de me envelhecer", conta, alisando a barba grisalha.A missão, nesses casos, fica por conta de Beth Fairbenks. Com enciclopédias, fotos e ilustrações de um lado, maquiagem e postiços do outro, ela leva cerca de 30 minutos para realizar a transformação. Mas o trabalho em frente ao espelho é apenas a etapa final do processo.A pesquisa de cada novo personagem começa, quase sempre, na semana anterior às gravações. "Gostaria de ter mais tempo para me dedicar à pesquisa de tipos e caracterização de cada ator convidado, mas infelizmente não dá.
O ritmo aqui é quase industrial", lamenta.Já entre os personagens do elenco fixo do "Sítio", Beth garante que não foram as trancinhas de Emília, tampouco o visual "espiga" de Visconde que lhe deram mais trabalho."Perdi várias noites de sono até conseguir dar uma aparência bem natural à peruca de Dona Benta. Às vezes, o que parece ser o mais simples é, na verdade, o mais difícil de se fazer", revela, com a experiência de 28 anos no assunto.Para a atriz Nicete Bruno, intérprete da carismática avó de Pedrinho e Narizinho, o resultado não poderia ser melhor. "Ela é perfeita! Resiste a todos os closes. Parece até que tem cabelo nascendo!", derrama-se a atriz, pouco antes de soltar uma gargalhada digna da veterana proprietária do "Sítio".
Notícia:2002
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