“Pode ser prata como a lua, ou negra como a asa da graúna. É veloz feito raio e tem olhos de fogo... é a Cobra Grande, a Boiúna!” Assim Baobá descreveu a serpente monstruosa que fez a terra tremer no Sítio do Picapau Amarelo. Aliás, não foi só a terra que tremeu, todos ficaram de pernas bambas.
Jovino e seus capangas que o digam! Ao se depararem com a criatura, eles saíram correndo apavorados. E não era pra menos! Segundo Baobá, quando a Boiúna fica com fome, é capaz de comer até uma boiada.
Mas você não precisar ter medo da Cobra Grande, pois ela não passa de uma lenda amazônica.De acordo com o mito indígena, a Boiúna é uma serpente muito escura e voraz, que solta fogo pelos olhos e come as pessoas.
Também conhecida como Cobra Grande, ela vive nas profundezas dos rios do Amazonas e pode assumir várias formas, como canoas, barcos, navios e até mesmo uma mulher.
Dizem que foi a Boiúna quem formou o curso dos rios e deu origem aos igarapés e igapós (vegetação da região). Arrastando-se pelo chão, a serpente gigante levava água por onde passava e criava vida. Na língua tupi-guarani, “mboi” quer dizer cobra e “una”, grande.Reza a lenda mais famosa que uma índia engravidou da Boiúna e teve duas crianças gêmeas: Maria e Honorato (ou Nonato).
Para que ninguém soubesse da gravidez, a mãe jogou os recém-nascidos no rio, onde eles cresceram como cobras. Maria era má e atacava os barcos e pescadores, enquanto Honorato era bondoso e tentava salvar a tripulação. Por isso, os irmãos acabaram brigando feio. Maria morreu e Honorato ficou cego e sozinho.
Certo dia, um bravo soldado de Cametá, município do interior do Pará, derramou leite de peito na boca de Honorato sob uma noite de luar e provocou um sangramento em sua cabeça, para quebrar a maldição e transformá-lo em humano novamente. Em agradecimento, Honorato acabou virando soldado e voltou a viver junto de sua família.
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