“A Emília é infernal. Não posso mais com ela. Quando estou batendo o teclado, ela posta-se ao lado da máquina e quem diz que eu digo o que desejo?”, disse Lobato chamando a boneca de “Independência ou Morte”. Independente, mandona, divertida, amiga. Emília sempre esteve a frente das brincadeiras no Sítio e de qualquer reinação nova. Por isso, é dela o primeiro livro de Memórias dentro do Sítio e só poderia ser dela também a primeira biografia não autorizada, escrita por Socorro Acioli.
Para conhecer mais sobre o livro e a relação da autora com Lobato, veja a entrevista que fizemos com a Socorro durante a Bienal de São Paulo:
Como começou seu interesse em estudar Monteiro Lobato?
Foi durante o mestrado em Literatura, em 2002. Eu queria pesquisar um tema de Literatura Infantil porque estava escrevendo o meu primeiro livro para crianças. Para escrever bem, eu queria estudar tudo sobre o melhor autor infantil brasileiro, que pra mim é Monteiro Lobato.
Você tem outros livros dedicado ao Sítio e às obras de Lobato, mas quando a Emília ganhou destaque e recebeu essa homenagem em forma de livro?
Eu publiquei “Aula de Leitura com Monteiro Lobato”, que fala sobre como era a vida dos leitores no Sítio do Picapau Amarelo, o que eles liam, como eram as sessões de histórias com dona Benta, como os livros despertavam a aventura. O mais interessante foi estudar a Emília lendo o clássico Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Voltei para ler os 24 livros de novo, marcando e copiando todos os detalhes sobre Emília. Foi aí que eu percebi que tinha em mãos uma biografia incrível.
De onde veio a inspiração para o título do seu último livro , que está no seu novo livro “Emília – Uma Biografia não autorizada da Marquesa de Rabicó”?
De duas coisas: primeiro porque estávamos trabalhando na edição do livro bem na época da polêmica das biografias e achamos (eu e a Casa da Palavra) que seria engraçado envolver a Emília nisso. Segundo, porque nas “Memórias da Emília” ela diz que biografia é pra contar a vida como deveria ter sido, ou seja, usando a mentira. E como eu só escrevi verdades, tenho certeza de que Emília não autorizaria nunca.
Das frases compiladas no livro ditas pela boneca, qual é a mais marcante a você, e porquê?
“O gostoso é ir andando ao léu, sem saber o que acontece. Sempre detestei programas”.
Eu sou o oposto disso, planejo tudo. Mas acho que Emília tem razão: de vez em quando é preciso confiar no destino.
Qual a sua invenção favorita do Sítio?
O pó de Pirlimpimpim. Sem dúvidas. Eu gostaria de conseguir um pouco, inclusive.
A Emília é dos personagens do Sítio que você mais gosta? Com qual deles se identifica?
Eu gosto de todos os personagens do Sítio, acho cada um mais incrível que o outro. Mas Emília é minha preferida, sim. Ela é cheia de energia, otimismo, é segura, não tem medo de nada. Acho que às vezes ela poderia ter sido um pouco mais educada com as pessoas, mais gentil. Ninguém é perfeito. O bonito é aprender a amar apesar dos defeitos e eu amo muito a Emília.
Se você pudesse visitar o Sítio por um dia, qual seria a primeira coisa a fazer?
Tomar café e comer bolinho de chuva na varanda do Sítio, conversando com todos eles. Que sonho!
Monteiro Lobato estava nas suas leituras quando criança? Qual dos livros do Sítio gostava mais?
Sim, eu tive uma coleção da obra do Lobato na infância e cuidava como se fosse de ouro. Meu preferido sempre foi “A reforma da natureza”, protagonizado pela Emília.
Já está pensando no próximo livro? Sobre qual tema gostaria de abordar?
Sim, estou trabalhando em um projeto para jovens, mas ainda é segredo. Sobre o Sítio, não tenho nenhum outro plano, ainda. Mas eu adoraria fazer o roteiro da Biografia da Emília pro cinema ou televisão.
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