"A Cena que eu lembro e que foi marcante, é quando Emília (Dirce Migliaccio) chega do Reino das Águas Claras falando".
O Mundo do Sítio está preparando uma surpresa de dia das crianças. Por isso, eles querem saber o que você quer ver no Mundo do Sítio! Conte para a gente uma ideia bem legal que você iria adorar encontrar dentro do jogo.
Já pensou que divertido seria se aparecesse uma piscina no meio da Vila? Ou uma roupa nova super colorida para você usar no seu avatar? Pode ser até mesmo um livro novo na Biblioteca do Visconde!
Conte para a gente o que você quer ver no Mundo do Sítio. Se você tiver uma ideia muito legal,quem sabe, o pó do pirlimpimpim faz aparecer!
“A Emília é infernal. Não posso mais com ela. Quando estou batendo o teclado, ela posta-se ao lado da máquina e quem diz que eu digo o que desejo?”, disse Lobato chamando a boneca de “Independência ou Morte”. Independente, mandona, divertida, amiga. Emília sempre esteve a frente das brincadeiras no Sítio e de qualquer reinação nova. Por isso, é dela o primeiro livro de Memórias dentro do Sítio e só poderia ser dela também a primeira biografia não autorizada, escrita por Socorro Acioli.
Para conhecer mais sobre o livro e a relação da autora com Lobato, veja a entrevista que fizemos com a Socorro durante a Bienal de São Paulo:
Como começou seu interesse em estudar Monteiro Lobato?
Foi durante o mestrado em Literatura, em 2002. Eu queria pesquisar um tema de Literatura Infantil porque estava escrevendo o meu primeiro livro para crianças. Para escrever bem, eu queria estudar tudo sobre o melhor autor infantil brasileiro, que pra mim é Monteiro Lobato.
Você tem outros livros dedicado ao Sítio e às obras de Lobato, mas quando a Emília ganhou destaque e recebeu essa homenagem em forma de livro?
Eu publiquei “Aula de Leitura com Monteiro Lobato”, que fala sobre como era a vida dos leitores no Sítio do Picapau Amarelo, o que eles liam, como eram as sessões de histórias com dona Benta, como os livros despertavam a aventura. O mais interessante foi estudar a Emília lendo o clássico Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Voltei para ler os 24 livros de novo, marcando e copiando todos os detalhes sobre Emília. Foi aí que eu percebi que tinha em mãos uma biografia incrível.
De onde veio a inspiração para o título do seu último livro , que está no seu novo livro “Emília – Uma Biografia não autorizada da Marquesa de Rabicó”?
De duas coisas: primeiro porque estávamos trabalhando na edição do livro bem na época da polêmica das biografias e achamos (eu e a Casa da Palavra) que seria engraçado envolver a Emília nisso. Segundo, porque nas “Memórias da Emília” ela diz que biografia é pra contar a vida como deveria ter sido, ou seja, usando a mentira. E como eu só escrevi verdades, tenho certeza de que Emília não autorizaria nunca.
Das frases compiladas no livro ditas pela boneca, qual é a mais marcante a você, e porquê?
“O gostoso é ir andando ao léu, sem saber o que acontece. Sempre detestei programas”.
Eu sou o oposto disso, planejo tudo. Mas acho que Emília tem razão: de vez em quando é preciso confiar no destino.
Qual a sua invenção favorita do Sítio?
O pó de Pirlimpimpim. Sem dúvidas. Eu gostaria de conseguir um pouco, inclusive.
A Emília é dos personagens do Sítio que você mais gosta? Com qual deles se identifica?
Eu gosto de todos os personagens do Sítio, acho cada um mais incrível que o outro. Mas Emília é minha preferida, sim. Ela é cheia de energia, otimismo, é segura, não tem medo de nada. Acho que às vezes ela poderia ter sido um pouco mais educada com as pessoas, mais gentil. Ninguém é perfeito. O bonito é aprender a amar apesar dos defeitos e eu amo muito a Emília.
Se você pudesse visitar o Sítio por um dia, qual seria a primeira coisa a fazer?
Tomar café e comer bolinho de chuva na varanda do Sítio, conversando com todos eles. Que sonho!
Monteiro Lobato estava nas suas leituras quando criança? Qual dos livros do Sítio gostava mais?
Sim, eu tive uma coleção da obra do Lobato na infância e cuidava como se fosse de ouro. Meu preferido sempre foi “A reforma da natureza”, protagonizado pela Emília.
Já está pensando no próximo livro? Sobre qual tema gostaria de abordar?
Sim, estou trabalhando em um projeto para jovens, mas ainda é segredo. Sobre o Sítio, não tenho nenhum outro plano, ainda. Mas eu adoraria fazer o roteiro da Biografia da Emília pro cinema ou televisão.
A 23ª Bienal do Livro de São Paulo começou no dia 22 de agosto e está fazendo sucesso entre os adultos e a criançada. Com livros, palestras, brincadeiras e oficinas o lugar é um sonho para quem é apaixonado pela leitura.
Lá, é possível encontrar obras de autores famosos de todo o mundo e, é claro, que o nosso querido Monteiro Lobato teve presença garantida na feira. No stand da Globo Livros você pode achar as publicações do Lobato e se deliciar com suas histórias.Tem até uma amarelinha com os personagens para brincar.
Na parte infantil, a coleção Pirilimpimpim é uma das mais procuradas. Se passar por lá, dê uma olhada nas obras: Pedido de Casamento, O medo, Viagem ao Céu, Os sete leitõezinhos e muitas outras.
Mas não são só os pequenos que conseguem encontrar livros do escritor. Na parte dos adultos,Lobato está presente em várias obras como As Reinações de Narizinho, numa edição de colecionador, cheia de ilustrações inéditas.
Você já passou por lá? Conte para a gente qual livro você gostou mais.
A receitinha vem lá de Portugal, mas ficou conhecida mesmo nas mãos de uma senhorinha bem especial: Tia Nastácia, do Sítio do Picapau Amarelo. Vamos começar a meter a mão na massa e fazer deliciosos Bolinhos de Chuva?
O Site do Mundo Gloob já relembrou alguns gibis antigos da história. Entre eles aparece a capa de uma das revistas em quadrinhos do Sítio, lançada em meados de 1977.
O Sítio do Picapau amarelo também já foi exibido pelo canal portugês Sic K. Os nossos amigos de Portugal também tiveram a chance de conhecer as revistas do Sítio.
Uma sereia de cabelos verdes e uma voz capaz de encantar os navegantes. Um menino travesso que pula em um pé só. Pela primeira vez, os seres folclóricos saíram do imaginário popular brasileiro e foram parar nos livros. Monteiro Lobato enxergou a importância e a criatividade de um país pouco retratado na literatura. Ele soube captar o espírito do Brasil caipira como ninguém. Quem não se lembra do famoso personagem Jeca Tatu, um homem simples do campo que vivia as agruras de um país em condições ainda muito precárias? Ou dos inesquecíveis Tio Barnabé e Tia Nastácia, habitantes do Sítio do Picapau Amarelo?
Lobato não teve receio de dizer o que pensava em seus livros e artigos. Em pleno começo do século XX, num ambiente de pouca liberdade de expressão, ele mostrou sua indignação com a política e os problemas sociais que o Brasil enfrentava.
Quer saber mais sobre o Folclore, visite o link http://blog.mundodositio.globo.com/2014/08/22/especial-dia-do-folclore/.
O blog do mundo do Sítio está realizando uma comemoração especial para o dia do Folclore. No link acima, o leitor poderá saber um pouco mais do folclore, seus personagens e curiosidades.
Monteiro lobato foi um grande defensor do folclore brasileiro, demonstrando em seus livros da turma do Sítio do Picapau Amarelo. A Editora globo possui em seu catálogo alguns livros sobre o folclore da turma do Sítio.
Tia Nastácia e o Folclore
Tia Nastácia e o Folclore, histórias para ler, criar e representar tem como tema a cultura popular do Brasil, apresentando várias manifestações folclóricas como mitos e lendas, simpatias, adivinhas, parlendas, brincadeiras, provérbios, superstições e crendices que estão incorporados ao dia-a-dia dos brasileiros. Descreve ainda vários mitos e sua distribuição pelas regiões do país e traz o roteiro de uma peça de teatro que, de forma lúdica, ajuda a transmitir esses conhecimentos da sabedoria popular ao público infantil. Ensina também a fazer um Saci dentro da garrafa com material reciclado e a esculpir uma galinha d'angola em argila.
No novo livro da Coleção Almanaque Sítio do Picapau Amarelo, os personagens de Monteiro Lobato falam com linguagem leve e divertida sobre as lendas, danças, festas, músicas, comidas e outras manifestações culturais que formam o folclore brasileiro!
O almanaque traz ainda fotos e muitas ilustrações e ensina a fazer brinquedos relacionados ao tema com material reciclável. Há também um glossário chamado de De A a Z, que explica as palavras e expressões usadas no livro.
Vamos Caçar o Saci (Foto: Murilo Papareli/PMT)
A programação especial do mês de agosto continua no Sítio do Picapau Amarelo (Museu Histórico, Folclórico e Pedagógico Monteiro Lobato), que oferece muita diversão para o próximo final de semana.
Vamos Caçar o Saci – Foto Murilo PapareliVamos Caçar o Saci – Foto Murilo PapareliPara o sábado e domingo, dias 16 e 17, as atividades são as mesmas e acontecem nos seguintes horários:
- Das 09 às 12h e das 14h às 17h – Presença da Turma do Sítio do Picapau Amarelo;
- Das 09h às 11h e das 14h às 16h – Oficina Pedagógica “Fantoche da Cuca”, com o objetivo de estimular a coordenação motora das crianças, a criatividade, a percepção visual e também o resgate do folclore e da cultura popular e a reutilização de material reciclável;
- Das 11h às 16h – Teatro Infantil com a Turma do Sítio do Picapau Amarelo com a peça “Vamos Caçar o Saci”, com retirada de senha sempre com 30 minutos antes do início de cada apresentação.
O Sítio está localizado à Av. Monteiro Lobato, s/nº, na Chácara do Visconde, com entrada gratuita.
O destaque da programação deste mês no Sítio do Picapau Amarelo em Taubaté é a mostra itinerante “Capela da `Nonna´: Fé, Religiosidade e Arte”, de Cândido Portinari. A Capela da “Nonna” fica em cartaz até 28 de setembro (domingo) no casarão onde funciona o Museu Monteiro Lobato.
Escritora cearense lança livro com histórias e curiosidades sobre a personagem do "Sítio do Picapau Amarelo"
Emília era muda e começou a falar. Ela não tem coração — literalmente — e se casou por interesse, só porque queria ser marquesa. Torce pelo Palmeiras, pesa cinco quilos, só teve um emprego na vida e pratica bullying contra os moradores do Sítio do Picapau Amarelo. Sua dona, Narizinho, a define assim: algodão por fora, asneira por dentro. Dona Benta, mais doce, diz que ela é “uma fadinha” que anda pelo mundo fantasiada de boneca de pano. Espevitada, tagarela, atrevida — politicamente incorreta, por vezes —, a personagem de Monteiro Lobato (1882-1948) entrou para o imaginário brasileiro a ponto de parecer ter vida própria. Tanta vida própria que acaba de ser radiografada em um livro, “Emília — Uma biografia não autorizada da Marquesa de Rabicó” (Casa da Palavra), no qual a cearense Socorro Acioli revê toda a obra de Lobato para narrar a trajetória da personagem — mais agitada que a de muita gente de carne e osso, diga-se.
— A minha dissertação de mestrado (na Universidade Federal do Ceará) foi sobre a leitura na obra de Monteiro Lobato. Aí resolvi incluir um capítulo que fosse uma biografia da Emília, e para isso reli todos os livros dele marcando as passagens com ela — conta Socorro, que suprimiu os trechos mais acadêmicos para publicar o livro, reunindo aventuras e curiosidades sobre a boneca.
or exemplo: Emília tem data e local de nascimento — e esse lugar não é o Sítio do Picapau Amarelo, onde ela foi confeccionada por Tia Nastácia. A boneca nasceu da pena de Monteiro Lobato em São Paulo, na Rua Boa Vista 52, em algum dia de 1920. É o ano de escritura de “A menina do narizinho arrebitado”, que depois Lobato lançaria com o título “Reinações de Narizinho”. Nasceu muda, como os leitores sabem, e só disse a primeira frase — “Que gosto horrível de sapo na boca!” — depois de tomar uma pílula falante no Reino das Águas Claras. Não parou de falar nunca mais.
Às vezes, falou até demais. Não à toa, é ela o pivô das acusações de racismo que seu criador tem sofrido ao longo dos anos, ao chamar Tia Nastácia de “beiçuda” e “macaca de carvão”, entre outras ofensas. Mas a “biografia” não fala desse lado B de Emília. E Socorro Acioli se justifica:
— Quis focar o trabalho na análise de construção de personagem. Lobato conseguiu o máximo com Emília em 24 livros, é uma aula para qualquer escritor ou roteirista — afirma a autora. — Não faço de conta que isso (o racismo) não existe, mas não quis tratar de questões laterais. E há um momento em que Emília diz que criticar Tia Nastácia é como criticar a ela mesma. Considero isso uma metáfora do que nós brasileiros somos.
Monteiro Lobato, nas cartas pesquisadas por Socorro Acioli, contava ter perdido o “controle” sobre a personagem. “Ela me entra nos dois dedos que batem as teclas e diz o que quer, não o que eu quero. Cada vez mais Emília é o que quer ser, e não o que eu quero que ela seja. Fez de mim um ‘aparelho’, como se diz em linguagem espírita”, escreveu o autor, em 1943, ao amigo Godofredo Rangel.
A pesquisa de Socorro questiona pormenores que não chamariam a atenção do leitor mais desatento. Já percebeu que Emília nunca pegou doença de gente? A explicação é dada pela própria boneca: “Eu sou de pano e as doenças não penetram o meu corpo. Sabe por quê? Porque o pano é uma peneirinha que coa a doença...”. Com seus olhos feitos de retrós, ela vê melhor do que qualquer pessoa do Sítio e se diz capaz de achar uma pulga na Ursa Maior. Boneca de pano come? Tem horas em que ela diz que não — e sente inveja dos humanos —, mas isso não a impede de comer croquetes no Reino das Águas Claras.
DICIONÁRIO DE “EMILIÊS"
Dirce Migliaccio também viveu a personagem na versão da Globo, em 1977 - Divulgação
Como ela fala muito — mas também fala errado —, Socorro se empenhou em fazer um inventário das palavras inventadas pela boneca, criando um dicionário do “emiliês”. Borboletograma, por exemplo, é um telegrama enviado nas asas das borboletas. Petróleo ela chama de “azeite de defunto”. “Bissurdo” é absurdo. O verbete “Tia Nastácia” equivale a “máquina de fazer comida”. E há até palavras misteriosas, que só existem no idioma da personagem. Alguém sabe o que é “crocotós”? Emília explica com clareza: “Crocotó é uma coisa que a gente não sabe bem o que é. Crocotó é tudo que sai para fora de qualquer coisa lisa. (...) Crocotó é tudo que é empelotado ou espichadinho como os tais chicotes. Os marcianos são crocotíssimos.” Ah, bom.
O livro relembra as aventuras de Emília pelo Reino das Águas Claras, pela lua, pelo País da Gramática (onde ela entrevista o verbo ser como repórter de “O Grito do Picapau Amarelo”, jornal jamais publicado e seu único emprego na vida), entre outras. Também o casamento por interesse com Rabicó, porque sonhava ser princesa — e marquesa, afinal, já era um bom começo. Mas tem vergonha do marido. Quando vê Tia Nastácia fazendo um leitão para o Natal, começa a comemorar, jurando ter ficado finalmente viúva.
A pesquisa de Socorro lembra como a imagem que se tem de Emília foi criada pela televisão. Afinal, na primeira descrição de Lobato ela é feia e tem “cara de bruxa”. Ao longo de 24 livros, a aparência dela vai mudando, inclusive pelas mãos dos seus muitos ilustradores (“Estes diabos que desenham a minha figura nos livros. Cada qual me faz de um jeito”, diz Emília).
A primeira Emília na telinha foi Lúcia Lambertini, em 1952, na TV Tupi do Rio de Janeiro(um patrocinador até suspendeu os anúncios, por não dar conta da demanda criada pelo sucesso da série). A primeira boneca veio em 1954, produzida pela Mesbla. O programa mais longevo, com 1.436 capítulos, estreou na TV Globo nos anos 1970. Reny de Oliveira, segunda Emília dessa série, foi demitida depois de posar para a “Playboy”, que anunciou o ensaio assim: “Escândalo no Sítio do Picapau: Emília tira a roupa!”. A primeira criança a interpretar a boneca foi Isabelle Drummond, em 2001.
É bom lembrar que, apesar do título, a biografia de Emília é, sim, autorizada pelos herdeiros de Monteiro Lobato. O título, diz Socorro, é uma brincadeira com a recente polêmica sobre a publicação de biografias não autorizadas e também com a personagem. É que Emília uma vez contratou o Visconde de Sabugosa para escrever suas memórias, mas desistiu quando viu o sabugo de milho escrevendo umas verdades sobre ela e assumiu o posto, começando a inventar aventuras que jamais haviam acontecido. Quando é confrontada por Dona Benta, ela responde: “Minhas memórias são diferentes de todas as outras. Eu conto o que houve e o que deveria acontecer”.