Nos livros “O Minotauro” e “Os 12 Trabalhos de Hércules”, Monteiro Lobato colocava a turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo em plena Grécia antiga, para interagir com os deuses do Olimpo. Por meio do “faz-de-conta” e do “pó de pirlimpimpim”, Dona Benta ensinava mitologia grega a Pedrinho, Narizinho e outras milhares de crianças brasileiras, que se deliciavam com as peripécias da Emília e do Visconde de Sabugosa, enfrentando monstros como a hidra de Lerna.
Guardadas as devidas proporções, o filme “Percy Jackson e o Ladrão de Raios” faz a mesma coisa, só que com a ajuda de efeitos visuais requintados e um elenco de figuras expressivas: Rosario Dawson como Perséfone, Uma Thurman no papel de Medusa e Pierce Brosnan fazendo o centauro Quiron. Aquele que aparecia no livro do Lobato, aliás, foi batizado pela boneca Emília como Meioameio, por ser meio homem meio cavalo.
Apesar de meio educativo e meio caótico, “Percy Jackson” é uma brincadeira de Chris Columbus, diretor que fez os dois primeiros filmes de “Harry Potter”. Aqui, ele adapta outra série literária juvenil, criada pelo escritor Rick Riordan, sobre um garoto que é filho do deus grego Poseidon com uma mortal (Catherine Keener). O plano era criar outra franquia de adolescente mágico, mas talvez tenha faltado a Columbus o “pó de pirlimpimpim”.
O garoto se chama Percy (Logan Lerman), numa referência ao herói Perseu, que era filho de Zeus. No filme, ele enfrenta Medusa, como fez o Perseu da mitologia – e como fará novamente no filme “Fúria de Titãs” em abril. Um dia roubam os raios de Zeus e é o rapaz que leva culpa. A mãe é capturada por um minotauro e ele dá início a uma odisséia para resgatá-la.
É interessante a identificação com este gênero de narrativa, na qual os deuses e heróis gregos se movimentam. Mas, para exemplificar o nível do humor do filme, entre os objetos mágicos a que ele recorre para agir, há um tênis com asas que pertencia ao deus Hermes. Ou seja, o filme é engraçado e bem produzido, mas as piadas de Lobato eram melhores.
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