Boneca de pano é gente, sabugo de milho é gente no Sítio do Picapau Amarelo, o oásis infantil de Monteiro Lobato (1882/1948), homem de sobrancelhas de taturana, que lia dicionários quando pivete e era neto do visconde de Tremembé.
O Sítio é provavelmente a única obra a acompanhar a evolução da TV brasileira. Foi produzida na fase ao vivo (Tupi), na da introdução do tape (Band), na da consolidação da TV (Globo) e, agora, na TV do século 21.
‘Lobato tinha senso crítico e um humor que respeitava a inteligência das crianças’, diz Tatiana Belinky, que produziu as duas primeiras versões do Sítio.
Russa nascida em 1919, Tatiana comandou com o marido Júlio Gouveia (1914/1989) os 13 anos de produção na Tupi e os dois da Band. O primeiro Sítio teve 360 episódios de 40 minutos, sem intervalos, às quartas, 19 horas. ‘Quando um anjinho caía do céu, ele literalmente desabava sobre o cenário’, lembra Tatiana. Um LP era segurado pelos dedos num toca-discos para dar os efeitos sonoros. Para encenar No Reino das Águas Claras, Tatiana pôs o aquário de sua casa à frente da câmera: os atores eram vistos cercados por peixinhos. ‘Só fizemos o que fizemos porque ninguém contou que não era possível.’
Poucas histórias de Lobato foram descartadas na Tupi, por serem de difícil execução ao vivo, como O Poço do Visconde. Na Band, todas foram adaptadas.
Os roteiros da primeira adaptação foram reaproveitados numa versão diária, de segunda a sexta, 18h30, que torrou num incêndio em julho de 1969.
A terceira versão, da Globo, teve estúdio num sítio de verdade, em Barra de Guaratiba, litoral do Rio. Exibida de segunda a sexta, às 17 horas, teve roteiristas de peso, como Benedito Ruy Barbosa, Marcos Rey, Wilson Rocha e Sylvan Paezzo."
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