A estréia do novo Sítio do Picapau Amarelo, ontem, pela manhã, na Globo, ao mesmo tempo em que enche de alegria e saudades os corações dos adultos (que cresceram na companhia dos personagens de Monteiro Lobato) e aguça a curiosidade da garotada de hoje, traz à tona as carências dessa nova geração de baixinhos. E, conseqüentemente, dos responsáveis por esses futuros adultos.
O novo formato adotado pela Globo para o programa, apesar de explorar um pouco mais da tecnologia, conserva a linguagem de Monteiro Lobato nos mesmos moldes que as produções anteriores. Os personagens são os mesmos, os cenários são apropriados (até parecidos, como o Reino das Águas Claras), as músicas ganharam novas interpretações, mas as letras conhecidas por todos permanecem, assim como a abertura do programa, em letras garrafais. Em síntese, o Sítio ainda é o mesmo em sua essência.
Não se pode negar, no entanto, as alterações no visual dos personagens: a Cuca ainda não apareceu, mas quando o fizer, todos verão o quão ‘fashion’ está a bruxa da mata. O colete ‘a la Olodum’, do Tio Barnabé, também destoa do antiga camisa de tecido surrada, que o personagem vestia antigamente. O Burro Falante deixou de ser de verdade, para ser representado por um ator fantasiado.
Os atores também são outros. A mudança mais importante de todas, no entanto, não está no Sítio em si, mas no público que vai assistí-lo. No reino dominado pelos Pokémons e Meninas Superpoderosas, poucas crianças sabem quem é o Pequeno Polegar, personagem das histórias da Carochinha ajudado por Narizinho logo no primeiro capítulo. Como ele, outros personagens dos contos-de-fadas, que vão surgir, ao longo dos episódios, também serão desconhecidos dessa nova geração de espectadores. Será a hora dos antigos fãs de Monteiro Lobato recorrerem aos livros (e à memória) para traduzirem para a garotada esse universo de heróis do passado. Que, de repente, podem ‘voltar a ser’ os heróis do futuro. Viva ao Sítio do Picapau Amarelo!
Notícia:2001
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